Martelo a Bala e Facão
Alceu Valença
Zé Tulão é chegada a tua hora
Vá fazendo o teu último pedido
É na faca é na foice é no estampido
É no verso é na rima e sem demora
Já que tu vai correr comece agora
Que no fim da peleja esta Maria
Vai levar das minhas mãos a luz do dia
Que só sendo jagunço em qualquer lida
Pode o cabra possuir tudo na vida
E entregar a uma mulher toda alegria
Treme a terra e o trovão se arrebenta
Toda vez que um vaqueiro se enfurece
Mãos pro céu se levantam numa prece
Corre o fraco e o forte não se aguenta
Pára o rio o mar não se movimenta
E se então é por amor a luta dobra
Pois coragem de amar tenho e de sobra
Se acabou Zé do Cão prepara a cova
Que eu te pego te alejo e dou-te sova
E te faço rastejar pior que cobra
É o inferno no meu canto de guerra
Pois consigo arrancar da pedra o pranto
O meu nome é temido em todo canto
Onde voam as aves sobre a terra
E se existe um amor atras da serra
Não há nada que feche o meu caminho
Eu enfrento a vereda e todo espinho
Ouve bem Zé Tulão segura o tombo
Que eu te capo te esfolo caço e zombo
Sou leão e tu és o passarinho
Se é o inferno no teu canto de guerra
É no inferno o meu canto de paz
Por amor eu derrubo Satanás
Bem e mal são a luta desta terra
Mas comigo o que é mal a lança ferra
Corre Cão Pé de Vento e Lucifer
Corre todo diabo que vier
Pelo bem desse amor digo e não nego
Eu enfrento um batalhão e não me entrego
Zé do Cão tu pra mim é uma mulher
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