Fui aranha coxa na chuva de verão
De pata ao peito, grades no coração
Se é que o tenho
Sei que a teia é só um lençol
Ou talvez enleio tosco de um aranhol
Ou teia que virou colcha
Para mim, aranha coxa

Fui aranha coxa numa teia qualquer
Espectadora no processo de envelhecer
Velha para a vida, nova para morrer
À espera que a sorte mude o que acontecer
Cabe a vida numa trouxa
Pobre aranha coxa

Com mãos de aranha
Com mãos de aranha coxa
Eu vou tecendo
Vou tecendo

Velha para a vida, nova para morrer
À espera que a sorte mude o que acontecer
Ou que alguém varra atrás da porta
E eu vire aranha morta

Com mãos de aranha
Com mãos de aranha coxa
Vou tecendo

Composição: Daniel Catarino