Nos Galpões
César Oliveira
Na quietude da hora morta
Se põe um grilo a cantar
Co'a labareda a clarear
O negror da escuridão
No silêncio do galpão
Um homem de alma serena
Ameniza suas penas
No costado de um fogão
Penetra pela janela
Um clarão de Lua cheia
Com a fumaça se enleia
Rente ao capim da quincha
Lá fora um bagual relincha
Se emparceirando ao minuano
E este ventito pampeano
Vai entrando pelas pilchas
Quando o brilho da noite grande
Calmamente se termina
O peão procura rima
Pra o verso que não cantou
E por certo não vingou
Como a brasa no tição
E ao romper da mansidão
Um outro sonho se extraviou
É cercado de mistérios
Os segredos dos galpões
Mas guarda junto aos fogões
Um lugar para um parceiro
Neste recanto campeiro
Há um ritual de devoção
Aonde o mate e o peão
Serão para sempre companheiros
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