Outro Romance
Ednardo
Mora onde vamos cantar e reunir pra valer
O ponto a ponto daquilo que vamos tecer
Como as aves do céu tecem manhãs
Em nossas bocas existe o riso louçã
Quem dá mais, quem dá mais, mais alegria
Trepidar, balançar, nova harmonia
Aparece uma menina mostrando o que Deus lhe deu
E eu falo pra ela - o prazer é todo meu
A memória é um estilhaço na vidraça do presente
Tudo fica mais fantástico quando eu lhe cravo os dentes
Saltam os ritmos, todas as cores
Os nossos corpos dançam lindos nus e soltos
Bumba-boi, rumba, baião, frevo, maracatu
Um toque de rock, um xote, um elétrico repente
Fagulhas do céu da boca, no vento, no verde, ventre
Sílaba súbita e sólida de um beijo incandescente
Bate que bate, bate o pé, bate que bate, bate palmas
Um passarinho cantou, agora valeu
Aquilo que o povo diz, foi ou é ou há de ser
Agora deite o olhar pela janela de ver
No vai e vem da corrente que o templo do tempo dá
Tempo que tem, tempo tem pó do tempo pra temperar
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