Insone
Élio Camalle
O silêncio fala pelos cotovelos
É grosseiro, desprovido de ciência
Suas histórias não têm pé nem cerebelo
O silêncio sofre de carência
O silêncio é fantasma à paisana
Desatento derrubou os meus cristais
Tropeçando, quebrou minhas porcelanas
O silêncio mais parece vendavais
O silêncio me deixou nu no espelho
Não se importa, bate a porta, tenha dó
Quando cala, nesse mato tem coelho
O silêncio nunca deu ponto sem nó
Produz ruídos vilões de paixões abaladas
Baladas em decibéis
Incompatíveis com as normas do condomínio
Bem logo depois das dez
Arrasta os pés e transborda
Vasos sanguíneos
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