Vamos embora já chega de cara feia,
Dei duro a semana inteira trabalhando feito louco.
E o que me importa se só me resta uns trocados.
Quem não tem vai de "carancho" e quem tem paga dobrado.
Vou dar de rédeas pra o lado de uma bailanta, tirar o pó da garganta com um "liso" de primeira.
Vou dar de mão numa morena faceira, me espalhar num bate coxa sapecando uma vaneira

"Vamo que vamo de-lhe que de-lhe, toca, toca, toca pra mim."

Eu sou de longe, mas conheço bem o mundo não me pago de matungo se me vejo no sufoco,
Digo que a vida é dura pra quem é mole, quem sabe dançar que dance e quem não souber que rebole,
Cordeona e canha são encantos do meu pago no meu peito eu também trago minha estampa de campeiro.
E no entrevero aperto bem a parceira puxando e rasgando a gaita sapecando uma vaneira.

"Vamo que vamo de-lhe que de-lhe toca, toca, toca pra mim."

Sei de peleias fandangos e carreiradas e já cortei madrugadas deitados sobre os arreios.
Vivo em rodeios goste de um tiro de laço e por ser um campesino gosto de tudo que faço.
Me criei livre respirando a liberdade lutando pela igualdade de um pampa talvez distante.
E nas andanças para espantar a canseira, me acampo sobre os pelegos sapecando uma vaneira.

"Vamo que vamo, dê-lhe que dê-lhe, toca, toca, toca pra mim."

Composição: Gilmar Rotta