Os meus amigos outro dia desses
Me convidaram pra comer um churrasco
Botei as garras no meu pingo baio
Saí pelo atalho num bater de cascos

Tinha churrasco de ovelha e de gado
Tudo encordoado como que faz rima
E também tinha um tal de galeto
Deitado no espeto de pata pra cima

Muito obrigado vou bem contente e arrastando a asa
Mas não se assustem, viu, meus amiguinhos
Que qualquer dia eu vou matar um bichinho
Se não der um eu mato dois ou três
E vou levar vocês pra comer lá em casa

Tomei uns trago de canha da pura
E um vinho bueno que jamais esqueço
Churrasco desse não há quem não morda
Uma costela gorda de lamber os beiços

Passei a mão na minha oito soco
Toquei um pouco pra indiada escutar
E aproveitando aquela festa linda
Me lembrei ainda de lhes convidar

Muito obrigado vou bem contente e arrastando a asa
Mas não se assustem, viu, meus amiguinhos
Que qualquer dia eu vou matar um bichinho
Se não der um eu mato dois ou três
E vou levar vocês pra comer lá em casa

Sou índio pobre como você sabe
Só como carne na casa dos outro
E além disso sou meio acanhado
E mais desconfiado que cavalo torto

Por isso mesmo é que hoje lhes digo
Meus bons amigos ainda vou poder
Levar vocês que a amizade me apraza
Pra comer lá em casa com muito prazer

Muito obrigado vou bem contente e arrastando a asa
Mas não se assustem, viu, meus amiguinhos
Que qualquer dia eu vou matar um bichinho
Se não der um eu mato dois ou três
E vou levar vocês pra comer lá em casa

Composição: Adair De Freitas / Gaúcho Da Fronteira