Quem pensa que em si se basta não conhece o mandamento
Não hay tormenta sem vento e nem cambona sem alça
Uma guampa sem cachaça, cabelo negro sem flor
E nem tropilha machaça sem ter bom amansador

Se o potro baba a flechilha, da própria sorte se olvida
Como se embaixo um mandinga viesse apertando as virilhas
Num transe de vida e morte, o bagual e o domador
Tem anjo de guarda e sorte nas mãos do amadrinhador

Assim com verso o crioulo bebido em laje de sanga
Bem quando a flor da pitanga beija o remanso do arroio
Verte a água da parede denunciando um nascedor
Pra mim que nasci com sede, me la mostró un payador

E eu sigo a filosofia daquele andejo e errante
Que deixou impresso o semblante do canto na geografia
Viu a gruta dos assombros e o rastro do boi barroso
E nos trouxe sobre os ombros, versos que a bruxa escondia

Composição: Luiz Marenco / Sergio Carvalho Pereira