Partejando
Nilton Ferreira
Está nascendo o potrinho
Traz um balde de água fria
Chega ligeiro guria
Que a tostada está sofrendo
Não vejo as mãos do bichinho
Deve estar atravessado
Cansou a tostada velha
Pelo jeito está trancado
Parece que é ruano
Não sei se é cola ou se é crina
Se for crina eu acho as mãos
Se é cola veio virado
Cabelos de Garibaldi
Chegou brigando o parceiro
Terá nome de guerreiro
Se, por macho despejado
É a anca minha prenda
Vai brigar a tarde inteira
Tomara que esteja vivo
Ou é grande ou morto inchado
A tostada se entregou
Me faz um carinho nela
Levanta bem a cabeça
Trouxe o umbigo enrolado
Vou cortar um pouco a égua
Me prepara agulha e linha
Traz álcool lá da cozinha
Achei as mãos do safado
Com a cabeça entre as mãos
Se veio um potro lindaço
Não puxou pelo picaço
Pela mãe veio tostado
Enquanto ela lambe a cria
Me traz bacia e um mate
Vou me lavar por aki
Pra ver a égua urinar
Se estiver clara a urina
Se escapa minha tostada
Fica comigo mateando
Até o corsário mamar
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