Carreiro vai, carreiro vem
Beirando matas, cordilheiras e espigões
Na estrada azul dos matagais
Lhe acompanham passarinhos vindos dos sertões

No peito seu eu sei que tem
Seis bois puxando o carro triste do seu coração
É a saudade emparelhada com a lembrança
O amor e a esperança, desespero e solidão

Carreiro vai, carreiro vem
Rodando só pelo sertão cantando assim
Carreiro vai, carreiro vem
Na sua estrada de paixão que não tem fim

Carreiro vai, carreiro vem
Para bem longe do filhinho que ficou no lar
Bem cedo sai e a tarde vem
Deitar nos braços de Chiquinha sempre a lhe esperar

Solta seus bois lá no curral
Quando no morro surge o claro raio de luar
Pega na viola pra cantar sua poesia
Quando fora a brisa fria
Vem com ele duetar

Carreiro vai, carreiro vem
Rodando só pelo sertão cantando assim
Carreiro vai, carreiro vem
Na sua estrada de paixão que não tem fim

No vai e vem que o mundo dá
Vai o seu rastro rabiscando pedras e areiões
Dois riscos só
Deixa no pó
E o orvalho tremulando sobre mil botões

Igual ao Sol passa por nós
E a tarde deita no poente para repousar
Solta a boiada de estrelas cintilantes
Ruminando lá distante
Pelos campos do luar

Carreiro vai, carreiro vem
Rodando só pelo sertão cantando assim
Carreiro vai, carreiro vem
Na sua estrada de paixão que não tem fim

Composição: Carlos César / Jose Fortuna