Mundo velho está perdido
Já não endireita mais
Os filhos de hoje em dia
Já não obedecem os pais
É o começo do fim
Já estou vendo sinais
Metade da mocidade
Estão virando marginais
É um bando de serpente
Os mocinhos vão na frente
As mocinhas vão atrás

Pobre pai e pobre mãe
Morrendo de trabalhar
Deixa o couro no serviço
Pra fazer filho estudar
Compra carro à prestação
Para o filho passear
Os filhos vivem rodando
Fazendo pneu cantar
Ouvi um filho dizer
O meu pai tem que gemer
Não mandei ninguém casar

O filho parece rei
Filha parece rainha
Eles que mandam na casa
E ninguém tira farinha
Manda a mãe calar a boca
Coitada fica quietinha
O pai é um zero à esquerda
É um trem fora da linha
Cantando agora eu falo
Terreiro que não tem galo
Quem canta é frango e franguinha

Pra ver a filha formada
Um grande amigo meu
O pão que o diabo amassou
O pobre homem comeu
Quando a filha se formou
Foi só desgosto que deu
Ela disse assim pro pai
Quem vai embora sou eu
Pobre pai banhado em pranto
O seu desgosto foi tanto
Que o pobre velho morreu

Meu mestre é Deus nas alturas
O mundo é meu colégio
Eu sei criticar cantando
Deus me deu o privilégio
Mato a cobra e mostro o pau
Eu mato e não apedrejo
Dragão de sete cabeças
Também mato e não aleijo
Estamos no fim do respeito
Mundo velho não tem jeito
A vaca já foi pro brejo

Composição: Lourival dos Santos / Tião Carreiro / Vicente P. Machado