Esteio de aroeira corroído pelos anos
O vendável do tempo até hoje tu resiste
Quem hoje vê teu vulto no sertão abandonado
Não sabe que encerras sua história longa e triste

Meu pai que te plantou na terra dura lá da mata
Tu foste a cominheira do teu rancho pequenino
Só o vento frio da noite e o cantar dos curiangos
Ficara acompanhando a solidão de teu destino

Esteio de aroeira, também tenho a tua idade
Meu pai te construiu para que fosses meu abrigo
O tempo foi passando e só depois de muitos anos
Pela primeira vez te encontrei esteio amigo

Meu pai que também era o esteio firma da família
Há "muitos ano" atrás longe daqui tombou sem vida
Só tu me esperou esteio "véio" de aroeira
Para me conhecer e ouvir a minha despedida

Esteio de aroeira, quantas vezes esperança
Ficaram sepultadas no teu tronco no passado
Ainda tu conservas o sinal de uma lembrança
Marcada no teu tronco pelo corte do machado

Nós que nascemo junto esteio véio de aroeira
Será quem vai primeiro ser tombado pela sorte
Se és tu lá na floresta derrubado pelo tempo
Ou eu por este mundo derrubado pela morte

Composição: Jose Fortuna