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Flor do Cardo

Aldina Duarte

Letra

    Dói-me ser a flor do cardo
    Não ter a mão de ninguém;
    Tenho a estranha natureza
    De florir com a tristeza
    E com ela me dar bem

    Dói-me o Tejo, dói-me a lua
    Dói-me a luz dessa aguarela
    Tudo o que foi criação
    Se transforma em solidão
    Visto da minha janela

    O tempo não me diz nada
    Já nada em mim se consome
    Não sou princípio nem fim
    Já nada chama por mim
    Até me dói o meu nome

    Dói-me ser a flor do cardo
    Não ter a mão de ninguém
    Hei-de ser cravo encarnado
    Que vive em pé separado
    E acaba na mão de alguém


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