A garça agora voou, se foi
Que parecia um planador
E num corixo eu lavei meus pés
De camalote navegador

Quando o fundão do mato se amorenou
Então se ouviu o canto do zabelê
E tudo tem a ver com o pôr-do-sol
Que é quando se estende a rede em dois pé-de-pau
E a noite vem pelo Pantanal

Quando o dia desativou
A noite disse agora eu sou
E veio toda com seu andor
De lua nova cheia de amor

Noite, suave noite dos sonhos meus
Noite, mãe sigilosa do pererê
Noite que a todos têm porque não se vê
A mesma noite infinita, noite astral
Amanhecendo pelo Pantanal

Quando o sol brilhou, pousou uma borboleta no meu chapéu
Só uma estrela sobrou no céu
Azul cintilante, um azul sem véu

Dia de tudo ter ou de nada ter
Desde cedinho horas pra se viver
Dia para plantar, dia pra colher
O mesmo dia de sempre, o velho sol
Se esparramando pelo Pantanal

Composição: Almir Sater / Renato Teixeira