Conheci um fazendeiro que tinha muito dinheiro
Mas não possuía herdeiro pra sua riqueza deixar
Um dia se apaixonou pela filha do vaqueiro
No auge do amor primeiro, fez a moça engravidar

Ela disse ao fazendeiro no final de fevereiro
Vai nascer o nosso herdeiro pra tudo continuar
Mas quando o filho nasceu, de parto sua mãe morreu
E o seu pai se arrependeu, não quis o filho criar

Com ciúme da herança criou ódio da criança
Fez um plano de vingança para cortar seu destino
Contratou um pistoleiro e pagou muito dinheiro
Com o seu plano traiçoeiro mandou matar o menino

Mas ele nunca pensou que o homem que contratou
Fosse o anjo protetor, o arcanjo São Miguel
Conduziu logo a criança e saiu da vizinhança
Dando total segurança para cumprir o seu papel

O menino foi levado porque era abençoado
Assim ele foi criado pelo parente distante
Sem ter risco de morrer, sem o fazendeiro saber
Assim pôde crescer forte, belo e elegante

Depois de um certo tempo, o fazendeiro adoeceu
Um câncer lhe apareceu, uma grande leucemia
Precisando de parente, primeiro ou 2º grau
Que tivesse sangue igual ou o fazendeiro morria

O hospital procurou parente longe ou perto
Mas nenhum deles deu certo para ser o doador
Quando a enfermeira lhe disse
Lá fora tem um rapaz, dizendo ser de Goiás e quer falar com o Senhor

O rapaz lhe disse assim
Sou filho de Marinês
Quando eu tinha quase um mês
Você mandou me matar
Graças a Deus estou vivo, sou doador compatível
Meu sangue é O positivo, vim aqui pra lhe salvar
Minha mãe lhe perdoou, Jesus foi meu protetor
Um parente me criou, graças a Deus vivo bem
Sou seu parente mais perto, só o meu sangue dá certo
Vim com o coração aberto, que o mal se paga com o bem

Abraçado o filho seu, o velho se arrependeu
Disse: Tudo que for meu, pra você eu vou deixar
Disse o rapaz sem vingança
não preciso de herança, só vim trazer esperança Basta Deus pra me ajudar
Meu sangue você já tem, sou do seu sangue também
O mal se paga com o bem, por isso eu vim lhe pagar

Composição: Luizinho de Irauçuba