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Cordionita, companheira
De incontáveis andanças
De solidões e festanças
De chamamés e vaneiras
Ao correr nas tuas ilheiras
Os meus dedos calejados
Vejo o futuro e o passado
Presente, em notas campeiras

Quando o teu corpo espichado
Se adelgaça, no meu colo
Não há nenhum protocolo
Que não possa ser quebrado
E eu me paro, arrinconado
Escondido atrás do fole
Feito quem tomá um gole
Junto ao balcão oitavado

Cordionita, dos galpões
Santuário e catedral
Do andejo, do mensual
Batizado nos fogões
No culto das confissões
Rezado junto ao brazedo
De ti, escutam segredos
Nos cochichos dos botões

És a musa cobiçada
Que se adona das bailantas
E até a mais linda percanta
Chega a te olhar desconfiada
Parecendo enciumada
Quando tu choras, dengosa
Ou por vezes maliciosa
Num bailongo de ramada

Cordionita, quem te adora
Conhece teus sentimentos
E absorve o fundamento
Que do teu íntimo aflora
Brotam de dentro pra fora
Os teus anseios crioulos
Que se arrancham no miolo
E nunca mais vão embora

E é por isso, que palpita
Batendo em ebulição
O meu fraco coração
Que no meu peito se agita
Sinto que a alma levita
E o mundo para o seu giro
Só pra escutar o suspiro
Que vem de ti, cordionita!

Composição: Mauro Silva / Ricardo Comassetto / Rogerio Villagran. Essa informação está errada? Nos avise.

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