Lisboa
António Mello Corrêa
Vejo do cais mil janelas
Da minha velha Lisboa
Vejo Alfama das vielas
O Castelo a Madragoa
Os meus olhos rasos de água
Deixam por toda a cidade
Na minha prece de mágoa
Esta canção de saudade
Quando eu partir, reza por mim Lisboa
Que eu vou sentir, Lisboa, penas sem fim, Lisboa
Saudade atroz que o coração magoa
A minha voz entoa feita canção, Lisboa
E se ao voltar me vires chorar, perdoa
Que eu abra a porta à tristeza para depois rir à toa
Tenho a certeza que ao ver as ruas tal qual hoje eu vejo
Esse teu ar de rainha do Tejo
Hei-de beijar-te, Lisboa
Hei-de beijar com ternura
As tuas sete colinas
E vou andar à procura
De mim, nas tuas esquinas
E tu Lisboa, hás-de vir
Aqui ao cais como agora
P'ra eu te dizer a rir
O que hoje minh'alma chora
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