17 de Abril de 2020, às 19:00
A ideia para a composição de Hey Jude surgiu na cabeça de Paul durante uma viagem de carro para Weybridge, onde ele iria visitar Julian e Cynthia Lennon. Na época, John havia se separado da esposa e saído de casa para viver com a artista japonesa Yoko Ono.
Paul, que tinha mais jeito com as crianças e havia se tornado uma espécie de tio para Julian, percebia a tristeza da criança que estava longe do pai e, enquanto dirigia, pensava em maneiras de confortar o menino.
A participação de Paul na vida da família Lennon era algo incentivado pelo próprio John, que em entrevista admitiu não saber como brincar com Julian. Ele pedia ajuda para seu amigo, inclusive após se casar com Yoko, aumentando a distância entre pai e filho.
Cantarolando pequenas melodias e versos, Paul chegou em algo parecido com a frase que abre a música. “Hey Jules, don’t make it bad, take a sad song, and make it better..”. Como chegou a Jude e depois à música? A gente já te conta:
Paul estava gostando da mensagem que desenvolvia, e fez apenas uma pequena alteração, trocando o nome por Jude, inspirado pelo personagem do filme Oklahoma!
Conforme ia compondo as demais estrofes da música, Paul foi percebendo que a letra também era um reflexo dos seus sentimentos do momento.
Seu namoro com Jane Asher havia terminado e a relação entre os membros dos Beatles tinha seus conflitos.
A presença de Yoko Ono nos ensaios da banda era apenas um dos motivos. Ringo e George se sentiam desconfortáveis com a posição de coadjuvantes explorada pela mídia e começavam a traçar seus próprios caminhos. Com isso, a separação do grupo parecia cada dia mais próxima.
Paul aproveitou esse momento para continuar a composição e logo Hey Jude se transformou em uma mensagem encorajadora e positiva, não só para ele ou Julian, mas para todos que ouvissem a música.
Prova disso foi a reação de John ao escutá-la pela primeira vez. Ele não somente adorou, como achou que a história falava sobre sua relação com Yoko e a busca pela liberdade para seguir seus sonhos.
Já no estúdio, animado com a sua música, Paul fez novos improvisos no refrão e ao final Hey Jude ficou com sete minutos de duração, a mais longa deles até então. O empresário chegou a questionar se as rádios colocariam a faixa na programação.
O grupo se manteve firme de lançar a versão final estendida e deu certo. Após o lançamento, a música não apenas ficou em primeiro lugar como foi a mais vendida do ano nos Estados Unidos.
Agora que você conhece a história da composição da música, que tal ficar por dentro de cada parte da letra?
Hey, Jude, don’t make it bad (Ei, Jude, não fique mal)
Take a sad song and make it better (Pegue uma canção triste e torne-a melhor)
Remember to let her into your heart (Lembre-se de deixá-la entrar em seu coração)
Then you can start to make it better (Então você pode começar a melhorar as coisas)
Na primeira parte, vemos que as palavras de consolo de Paul servem para animar o pequeno Julian, mas elas também dialogam com quem canta e com quem escuta os versos.
Muitas vezes, a música é como um remédio para a alma, nos abraçando e despertando boas energias. E ela também pode representar qualquer sensação que nos traz felicidade e paz.
Então, é como se oferecesse um conselho: quando se sentir melancólico, lembre-se de momentos e pessoas que te fazem bem.
Hey, Jude, don’t be afraid (Ei, Jude, não tenha medo)
You were made to go out and get her (Você foi feito para ir lá e conquistá-la)
The minute you let her under your skin (O minuto que você deixá-la debaixo de sua pele)
Then you begin to make it better (Então você pode começar a melhorar as coisas)
Essa estrofe é daquelas com múltiplas interpretações, que cada um entendeu da sua forma.
John pensou que era dedicada a ele, pois o trecho go out and get her seria um apoio de McCartney para que Lennon seguisse o seu destino junto ao seu amor, mesmo que isso significasse o fim da banda.
Paul sempre deixou claro que sua intenção era animar Julian, mas conforme foi desenvolvendo versos, ela ficou mais íntima e se tornou uma motivação para ele mesmo investir em novos relacionamentos e projetos pessoais.
Por isso, ao cantar let her under your skin ele amplia os sentidos, já que ela pode ser uma parceira, mas também um símbolo de energia, coragem e alegria para seguir em frente.
And anytime you feel the pain (E toda vez que você sentir dor)
Hey, Jude, refrain (Ei, Jude, vá com calma)
Don’t carry the world upon your shoulders (Não carregue o mundo nos seus ombros)
Para uma criança, absorver a separação dos pais não é algo simples. Mesmo sem compreender os motivos, Julian sentia a ausência de John, o que despertava a tristeza, solidão ou mesmo culpa.
A ajuda de Paul mostrou que, por mais difícil que fosse a situação, sempre teria alguém para apoiá-lo e que ele não precisava suportar tudo sozinho.
Essa é mais uma lição que se encaixa no nosso cotidiano, não é verdade? Os problemas às vezes são pesados, mas se compartilhamos ou resolvemos um de cada vez, a vida parece mais leve. E esse é mais um mantra de McCartney para usar na vida. 😉
For well you know that it’s a fool (Você sabe bem que é tolice)
Who plays it cool (De quem trata isso com indiferença)
By making his world a little colder (Por deixar este mundo um pouco mais frio)
Na na na na na na na na (Na na na na na na na na)
Brincar com as palavras é um recurso bastante usado pelos grandes compositores e McCartney não foge à regra. Ao rimar dois versos, ele muda o sentido de um dos adjetivos. Normalmente, ser cool é algo descolado e animado, mas aqui a palavra expressa algo mais negativo, como uma indiferença.
Assim, quem disfarça seus dilemas não seria o espertão do rolê, mas aquele que faz papel de bobo. Para ele, atitudes assim só tornam o mundo um lugar sem empatia e prazer, enquanto se cercar de vibes confortáveis dão força para superar as dificuldades e se tornar mais forte.
Hey, Jude, don’t let me down (Ei, Jude, não vá me desapontar)
You have found her now go and get her (Você a encontrou agora vá e a conquiste)
Remember (hey, Jude) to let her into your heart (Lembre-se de deixá-la entrar em seu coração)
Then you can start to make it better (Então você pode começar a melhorar as coisas)
Os trechos iniciais de Hey Jude se repetem e recebem pequenas alterações. Nessa parte, a música nos ensina a aproveitar o que conquistamos.
E o que fazemos quando encontramos a felicidade? Nós a abraçamos e não deixamos ela fugir!
So let it out and let it in (Então coloque para fora e deixe entrar)
Hey, Jude, begin (Ei, Jude, comece)
You’re waiting for someone to perform with (Você está esperando por alguém com quem realizar as coisas)
And don’t you know that is just you? (E você não sabe que essa pessoa é exatamente você)
Hey, Jude, you’ll do! (Ei, Jude, você vai fazer)
The movement you need is on your shoulder (O movimento que você precisa está nos seus ombros)
Na na na na na na na na (Na na na na na na na na)
Sabe aquele sinal que aguardamos da vida, como uma autorização para seguir em frente? Na maioria das vezes, não necessitamos dele. Basta colocar a cara no Sol e buscar!
A mensagem deixada por Paul instrui Julian para diversas fases, desde a superação da dor até o instante de conquistar a alegria.
Hey, Jude, don’t make it bad (Ei, Jude, não fique mal)
Take a sad song and make it better (Pegue uma canção triste e torne-a melhor)
Remember to let her into your heart (Lembre-se de deixá-la entrar em seu coração)
Then you can start to make it better (better, better, better, better) (Então você pode começar a melhorar as coisas / melhorar, melhorar, melhorar, melhorar, oh!)
Na, na na na na na, na na na, hey, Jude (Na na na na na na na na, Ei Jude)
Na, na na na na na, na na na, hey, Jude (Na na na na na na na na, Ei Jude)
A última vez que o refrão volta é o auge da música. Tomados por um estado de espírito, os Beatles repetem o coro junto a uma multidão, que faz qualquer um cantar junto:
Na, na na na na na, na na na, Hey Jude! 🎶
Descobrir a origem dos clássicos da banda é bom demais né?
Agora que você conhece a história de Hey Jude, confere nossa lista especial com as melhores músicas dos Beatles!
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