A história do hino do Botafogo, um dos maiores times do Rio

A história do hino do Botafogo, um dos maiores times do Brasil, envolve curiosidades e paixões que vão muito além do futebol, como o Carnaval e a música, com a assinatura inconfundível de um dos maiores compositores de marchinhas da história, Lamartine Babo.

O hino mais conhecido não é o oficial e não foi o único composto por Lamartine Babo para um time carioca. Além disso, a versão adotada pela torcida hoje já sofreu várias alterações desde que foi criada.

Verdadeira ode à grandeza e à tradição do clube, a música ecoa a paixão alvinegra de gerações que têm no Glorioso um símbolo de luta e glórias. Continue lendo para saber tudo sobre as origens do hino do Fogão!

A história do hino do Botafogo: tradição e paixão alvinegra

O ponto de partida da história do hino do Botafogo é um momento de grande efervescência cultural e esportiva no Brasil: a década de 1940. 

Mais especificamente em 1942, Lamartine Babo, já um compositor consagrado de músicas populares, foi convidado pelo apresentador do programa Trem da Alegria, Heber de Boscoli, para um desafio: criar marchas para os clubes que disputavam o Campeonato Carioca. 

O compositor topou o desafio e se debruçou sobre as glórias do Botafogo, clube criado em 1894, para escrever uma música que fizesse eco à paixão dos torcedores. Por isso, optou por mencionar na canção a campanha memorável do Campeonato Carioca de 1910.

Naquela disputa, o Botafogo venceu nada menos que 9 dos 10 jogos disputados, com 66 gols marcados e apenas 9 sofridos: foi naquele ano que o time ganhou o apelido — adotado até hoje — de “Glorioso”.

Contudo, nem todo mundo gostou da nova Marcha do Botafogo, como foi chamada a música.

Amado por uns, odiado por outros: a história do hino do Botafogo

Apesar da popularidade que o hino ganharia com o tempo, sua recepção inicial não foi unanimemente positiva. 

A diretoria do clube, especialmente o presidente e outros dirigentes, resistiu à adoção oficial da canção devido ao verso Botafogo, Botafogo, campeão de 1910, que abre a faixa. 

Para alguns, esse trecho parecia ignorar outras glórias do clube, em especial aquelas conquistadas pelo antigo Botafogo Football Club antes da fusão que deu origem ao atual Botafogo de Futebol e Regatas. 

Ainda assim, o hino de Lamartine foi abraçado pela torcida e, com o tempo, consolidou-se como um símbolo eterno da paixão alvinegra, com grande sucesso nas rádios e nas arquibancadas.

A aceitação foi tão grande que a Marcha do Botafogo foi gradualmente adotada como hino não-oficial do clube até ser oficializada, anos depois, como símbolo definitivo do Fogão. 

O poeta do futebol carioca: quem foi Lamartine Babo?

A história do hino do Botafogo não teria sido a mesma se não fosse por Lamartine Babo (1904-1963), o grande poeta do futebol carioca. 

Nascido e criado no Rio de Janeiro, ele ficou conhecido por sua genialidade como compositor e por seu amor pelo futebol, especialmente pelo América (RJ). Isso, contudo, não o impediu de assinar músicas dedicadas a outros grandes times do estado. 

Já consagrado como compositor de marchinhas de Carnaval, Lamartine aceitou, na década de 1940, o desafio de escrever hinos para os 11 times que disputavam o Campeonato Carioca. 

O trabalho foi intenso, e ele chegou a compor, em um único dia, os hinos dos 6 clubes mais tradicionais do Rio de Janeiro: América, Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense, Botafogo e Bangu. 

Sob o patrocínio do programa de rádio Trem da Alegria, suas composições foram lançadas em LPs, conquistando as torcidas e firmando-se como trilha sonora dos grandes embates no futebol carioca. 

“Botafogo, Botafogo, campeão desde 1910”: o significado do hino

Um dos motivos pelos quais o hino do Botafogo teve tanta aceitação entre a torcida desde o lançamento é o fato de que a composição de Lamartine Babo conseguiu representar a alma e a história do clube em torno de valores como a determinação, a glória e a paixão. 

Em cada verso é possível perceber como a letra celebra a trajetória vitoriosa do time e a força da sua torcida, desde a primeira linha:

Botafogo, Botafogo

Campeão desde 1910

Foste herói em cada jogo, Botafogo

Por isso é que tu és

A abertura exalta um dos momentos mais marcantes da história alvinegra, o campeonato carioca de 1910. O trecho também menciona o heroísmo em campo e o compromisso com a vitória.

O hino continua com uma menção ao apelido “Glorioso”, fazendo também um aceno à apaixonada torcida alvinegra — que, em 2024, reúne mais de 4,2 milhões de pessoas e é considerada a 13ª maior torcida do Brasil.

E hás de ser nosso imenso prazer

Tradições aos milhões tens também

Tu és o glorioso

Não podes perder, perder para ninguém

Na estrofe seguinte, a música cita um dos principais símbolos do clube, a estrela solitária, elemento central do escudo botafoguense. O símbolo aparece como um guia que ilumina o caminho do time rumo às vitórias.

Além disso, Lamartine Babo também faz uma referência aos outros esportes vinculados ao time, cujo nome oficial é “Botafogo de Futebol e Regatas”.

Noutros esportes tua fibra está presente

Honrando as cores do Brasil de nossa gente

Na estrada dos louros, um facho de luz

Tua estrela solitária te conduz

É por isso que a composição de Lamartine Babo continua a embalar a torcida alvinegra nos estádios de todo o Brasil, permanecendo como um dos maiores símbolos de união e orgulho para a torcida do Botafogo.

A história do hino do Botafogo: curiosidades sobre a música

Diversas curiosidades tornam o hino botafoguense ainda mais interessante, reforçando a importância da música para os torcedores do Glorioso. 

Para começar, apesar de ser amplamente conhecido como um símbolo alvinegro, ele não é tecnicamente o hino oficial do clube: o Botafogo possui dois hinos oficiais, um voltado ao futebol — composto por Octacilio Gomes e Eduardo Souto — e outro dedicado ao remo. 

Ou seja, a Marcha do Botafogo de Lamartine Babo, embora seja o cântico mais associado à identidade botafoguense graças à sua popularidade, não tem reconhecimento formal.

Outra curiosidade sobre o hino está no primeiro verso: Botafogo, Botafogo, campeão de 1910. A intenção de Lamartine Babo era celebrar a memorável campanha daquele ano, mas o Botafogo possuía uma conquista anterior: o Campeonato Carioca de 1907.

O problema é que Lamartine Babo não poderia saber disso, pois a validação oficial do título só ocorreu em 1996, após quase 90 anos de disputas jurídicas e debates acirrados com o Fluminense, que também reivindicava o título. 

Desde a validação do título, aliás, parte da torcida substituiu o verso original do hino por “campeão desde 1907”, uma adaptação que, embora histórica, não possui o mesmo encaixe melódico da versão consagrada. 

Além disso, o Botafogo é o único entre os times cariocas que tem a palavra “perder” no hino, no trecho não podes perder, perder pra ninguém. Alguns torcedores reforçam a frase com a palavra “nunca” para enfatizar a invencibilidade desejada.

Seja na versão original ou com adaptações, a composição de Lamartine Babo segue sendo um símbolo vivo do orgulho e da tradição que envolvem o Botafogo e seus fiéis torcedores. 

Os maiores hinos das torcidas do Brasil e do mundo

A história do hino do Botafogo está marcada na do próprio futebol brasileiro, e não restam dúvidas de que o esporte caminha lado a lado com a música. 

Prova disso são os cânticos inspirados que torcedores do mundo inteiro entoam nas arquibancadas para embalar seus times. Você pode conhecer mais sobre o tema com as melhores músicas de torcida do Brasil e do mundo!