A história do axé, um dos ritmos mais amados do Brasil

Conheça todos os detalhes da história do axé, um dos gêneros musicais mais amados pelos brasileiros e que bomba o ano inteiro, não só no Carnaval.

História da música · Por Ana Paula Marques

15 de Março de 2025, às 12:00


A história do axé se confunde com a história do Brasil contemporâneo, na esteira de um ritmo que traz à mente o calor do verão, a alegria do Carnaval e a energia efervescente dos trios elétricos. 

História do axé
Créditos: Reprodução / Youtube

O axé music nasceu na Bahia nos anos 1980, embalado por batucadas envolventes, guitarras elétricas e coreografias irresistíveis, tornando-se um dos ritmos mais amados pelos brasileiros.

Em 2025, o axé completa 40 anos e esta é a oportunidade perfeita para revisitar sua trajetória e entender sua importância. Vamos lá?

A história do axé, o gênero do Carnaval de Salvador

A história do axé começa na efervescência do Carnaval de Salvador nos anos 1980, nascido da mistura de gêneros afro-brasileiros e afro-latinos

As raízes do ritmo estão profundamente ligadas à tradição afro-brasileira, absorvendo elementos de ritmos como o samba-reggae, o ijexá, o samba afro e o samba duro. 

O axé também se apropriou de influências caribenhas e latino-americanas, incorporando elementos do merengue, do maracatu e até mesmo do frevo. Além de ter promovido a fusão dessas sonoridades com o pop rock dos anos 1980, modernizando o gênero. 

Esse caráter híbrido foi essencial para o sucesso do axé em todo o Brasil, garantindo sua presença não só no Carnaval de Salvador, mas também em micaretas e festivais de todo o país ao longo do ano.  

O papel dos pioneiros e o marco zero da história do axé

Embora o axé tenha sido impulsionado por diversos artistas, o grande marco de sua ascensão foi o lançamento da música Fricote, de Luiz Caldas, em 1985. Parte do álbum Magia, a canção abriu caminho para uma nova era na música baiana. 

A primeira banda do gênero foi formada no estúdio WR e liderada pelo músico Toninho Lacerda, mostrando que a criação do axé foi um processo coletivo que envolveu diferentes artistas e influências.  

O movimento, que começou nos trios elétricos, rapidamente se espalhou pelo país, levando consigo um pedaço vibrante da cultura da Bahia e se tornando um dos gêneros mais populares do Brasil.

A formação de bandas e blocos afro teve um papel imprescindível na popularização do axé music. Grupos como Olodum e Araketu incorporaram elementos do samba-reggae e do ijexá, trazendo uma forte identidade percussiva ao gênero. 

O Olodum, por exemplo, destacou-se internacionalmente ao colaborar com artistas como Paul Simon e Michael Jackson, enquanto o Araketu introduziu elementos eletrônicos em sua sonoridade, modernizando ainda mais o ritmo.

O renascimento constante do axé 

Nos anos 1990, o gênero continuou a ganhar projeção nacional com artistas como Daniela Mercury e Ivete Sangalo, até hoje listadas entre as grandes rainhas da música brasileira. 

Nos anos 2000 e 2010, novos artistas e bandas deram continuidade ao legado do axé, trazendo influências contemporâneas e explorando diferentes sonoridades, como Saulo Fernandes, Psirico, Timbalada e BaianaSystem, que experimentaram novas fusões rítmicas.

Atualmente, o axé music segue vivo e pulsante, com artistas tradicionais e emergentes mantendo sua essência e explorando novas possibilidades musicais. 

Nos trios elétricos do Carnaval de Salvador ou nas festas populares espalhadas pelo Brasil, o axé continua a ser uma expressão vibrante da cultura nacional, em lugar de grande protagonismo.

Os maiores artistas do axé music

Desde o começo da história do axé, com Luiz Caldas, o ritmo teve como alicerce o talento de grandes artistas que se tornaram símbolos da música brasileira.

Nos anos 1990, Daniela Mercury ganhou o Brasil com o álbum O Canto da Cidade, que a consagrou como a rainha do Carnaval e levou o gênero para além das festas de rua.

Paralelamente, Bell Marques, à frente da banda Chiclete com Banana, arrastou multidões com sucessos que embalaram trios elétricos por décadas com hits como 100% Você e Diga Que Valeu. Décadas depois, Bell segue como um dos artistas mais respeitados do axé.

Na virada dos anos 2000, Ivete Sangalo emergiu como a principal representante do ritmo, primeiro à frente da Banda Eva e depois em carreira solo, com canções como Sorte Grande, Arerê, Festa e Macetando, entre outros hinos do Carnaval.

A lista de artistas que também ajudaram a escrever a história do axé inclui também nomes como Netinho, Timbalada, Carlinhos Brown, É o Tchan e muitos outros, fazendo do gênero um símbolo de alegria, celebração e resistência cultural.

O significado da palavra “axé”

O termo “axé” tem origem na língua iorubá e é amplamente utilizado no candomblé como uma saudação que expressa energia positiva, força e realização. 

Na tradição religiosa afro-brasileira, axé é o poder espiritual concedido pelos orixás e sua presença na vida cotidiana dos praticantes. Assim como “amém” no cristianismo, axé é uma expressão de benção e confirmação dentro do contexto religioso.

A cultura baiana, fortemente influenciada pelas matrizes africanas, adotou o termo como parte de seu vocabulário cotidiano. Axé transcendeu o significado estritamente religioso e se tornou um símbolo da identidade cultural local.

O termo “axé music”, especificamente, foi cunhado pelo jornalista Hagamenon Brito, inicialmente com conotação pejorativa para classificar o gênero musical emergente como brega. 

No entanto, o ritmo se consolidou e se tornou um dos principais expoentes da música baiana, simbolizando a resistência e a identidade de um povo que transformou tradições ancestrais em expressões contemporâneas de sua existência.

Relembre as melhores músicas de Carnaval

A história do axé anda de mãos dadas com o Carnaval, em que o ritmo surgiu e prosperou, conquistando fãs apaixonados em todo o Brasil. Por isso, nada melhor que conferir as melhores músicas de Carnaval, com os principais clássicos!

Músicas do carnaval

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