História do hip hop: a evolução dos anos 70 aos dias atuais

Conheça a história do hip-hop, desde o surgimento no Bronx, nos anos 70, até a atualidade.

História da música · Por Rafaela Damasceno

6 de Outubro de 2023, às 12:00


A história do hip hop vai muito além das letras, dos beats, do breakdance e do grafite. Ela é também o retrato de uma parcela marginalizada da sociedade, que encontrou na arte uma forma de manifestar e lutar pelos seus direitos.

Desde os anos 70 até os dias de hoje, a cena hip hop é um retrato da resistência de um grupo que precisava dar voz às suas vontades e aos seus ideais.

DJ Kool Herc, o pai do hip hop
DJ Kool Herc, o pai do hip hop / Créditos: Divulgação

Por falar nisso, a história do hip hop no Brasil não poderia ser diferente. A realidade das comunidades e a indignação daqueles que são considerados “invisíveis” pela sociedade é tema recorrente em suas letras. 

Se você curte esse gênero e quer saber mais sobre ele, não deixe de conferir todos os detalhes sobre a história do hip hop mundial. 

Tudo sobre a história do hip hop: da margem ao mainstream

Muito mais que um gênero musical, o hip hop é uma forma de cultura popular, que nasceu no bairro do Bronx, em Nova York, nos Estados Unidos, em meados da década de 70. 

A região era considerada o subúrbio da cidade e, naquela época, era ocupada por comunidades africanas, caribenhas e latinas. O período foi marcado por muita violência, preconceito racial, tráfico de drogas e brigas de gangue. 

Bronx, anos 70
Bronx, anos 70 / Créditos: Divulgação

Naquele contexto, os jovens tinham apenas as ruas como espaço de lazer. Era lá que eles expressavam suas emoções e seus desejos, com desenhos, pinturas, danças e, é claro, músicas. 

Através da arte, a juventude se opunha ao governo da época e à forma como era tratada por ele. 

As block parties e as gangues de rua

Foi nesse clima que alguns garotos do Bronx começaram a se unir para organizar festas na região, as chamadas block parties, comandadas por DJs. 

No mesmo contexto, os adolescentes do Bronx passaram a se organizar em gangues, para se defender da violência das ruas. Uma das mais notáveis foi a Black Spades. 

Entre seus membros, merece destaque Lance Taylor, um jovem que tinha uma biblioteca dentro de sua casa e estava sempre lendo – sua mãe fazia parte dos Panteras Negras.

DJ Afrika Bambaataa
Créditos: Divulgação

Lance ganhou um concurso de redação da UNICEF e o prêmio era uma viagem à África. Ao voltar para os Estados Unidos, tomou a decisão de transformar as gangues em grupos ativistas pelos direitos do povo e pelas causas humanitárias. 

Posteriormente, nos anos seguintes, Lance passou a adotar o pseudônimo de DJ Afrika Bambaataa e se tornou um dos nomes mais importantes da história do hip hop. 

DJ Kool Herc: o criador do hip hop

Em 1973, o garoto Clive Campbell, de 18 anos, conhecido no Bronx como DJ Kool Herc, resolveu inovar em uma festa organizada em parceria com a sua irmã, Cindy. 

Os dois eram conhecidos na região por promover eventos grandiosos no prédio onde viviam, localizado na avenida Sedgwick, 1520. Uma curiosidade: em 2017, a avenida foi renomeada, em homenagem à origem do hip hop, e passou a se chamar Hip Hop Boulevard. 

Em uma festa que aconteceu no dia 11 de agosto de 1973, Kool Herc se apresentou usando apenas trechos instrumentais de várias músicas, o que fez com que os convidados dançassem a mesma canção por muito mais tempo. 

Enquanto as faixas iam tocando, um amigo de Kool Herc, que ele chamou de MC, acompanhava a batida, com letras autorais. Este momento icônico é considerado pelos especialistas no estilo como o nascimento do hip hop.

O DJ Afrika Bambaataa e a ONG Zulu Nation

Ainda em 1973, no dia 12 de novembro, foi fundada a ONG Zulu Nation, pelo DJ Afrika Bambaataa. A organização era voltada para a promoção de atividades artísticas, da cultura do hip hop, para os jovens do Bronx e de outros subúrbios de Nova York. A ideia é que eles se afastassem da cultura da violência e se dedicassem à arte.

Até hoje, a Zulu Nation permanece em atividade, com os mesmos propósitos da época de sua fundação: paz, amor, união e diversão. 

O DJ Afrika Bambaataa, inclusive, foi quem determinou os 4 movimentos do hip hop. Para ele, os quatro pilares dessa cultura são o DJ, o MC, o B-boy/breakdance (dança) e o grafite. 

Assim, o hip hop passou a ser muito mais que um gênero musical. Ele se tornou uma manifestação artística e inclusiva, de modo que todos pudessem contribuir com a sua arte.

A relação do hip hop com outros estilos musicais

A partir da elaboração da cultura hip hop, a sua parte lírica passou a ser representada pelo rap. Nas décadas de 70 e 80, DJs e MCs passaram a dominar as discotecas, com a combinação de ritmo e poesia. Foi nesse período que começaram a surgir também as batalhas de rap.

Mas o hip hop traz consigo outras influências de musicalidade. Nas primeiras batidas, o funk, o soul e o rhythm and blues fizeram parte das pickups dos DJs e conduziram os versos dos MCs. 

E, até hoje, muitos são os artistas que incluem referências do rap em suas composições, dos mais diversos estilos musicais. 

A popularização do hip hop nos Estados Unidos

Depois de dominar as ruas, as festas e as casas de shows das periferias de Nova York, o hip hop conquistou outras regiões dos Estados Unidos, principalmente após o lançamento de Rapper’s Delight, do Sugarhill Gang, em 1979. 

A partir desse hit, o hip hop passou a ser um ritmo que inspirou outros gêneros musicais diferentes

Na década de 80, outros artistas conquistaram o público norte-americano. Um dos motivos foi a criação da MTV, que exibia clipes de rap em sua programação. Um exemplo é o grupo N.W.A., que lançou o disco Straight Outta Compton, de grande repercussão nacional. 

Outros nomes de destaque, que ajudaram a popularizar a cultura do hip hop através do rap internacional, foram Run-D.M.C., Public Enemy, Beastie Boys, LL Cool J, Salt-N-Pepa e MC Hammer.

Hip hop como fenômeno mundial

Na década seguinte, em 1990, o hip hop atravessou as fronteiras dos EUA, alcançando as paradas do mundo inteiro

Esse alcance internacional aconteceu graças a duas vertentes do rap: o gangsta rap e o rap alternativo. A partir das músicas de rap, os outros movimentos do hip hop também conquistaram o público de vários países. 

Nos anos 2000, o hip hop, conduzido pelo rap, começou a incorporar novos efeitos visuais e sonoros. Assim como a inovação artística, novos públicos também passaram a se interessar por essa cultura e o hip hop se tornou cada vez mais popular.

Alguns nomes que contribuíram muito para transferir o hip hop para o mainstream foram Eminem, Jay-Z, Kanye West, 50 Cent, Lil Wayne, Drake, Kendrick Lamar, Nicki Minaj, Beyoncé e Rihanna. Esses artistas dominaram grandes festivais, paradas internacionais e as mídias digitais por todo o planeta. 

O hip hop no Brasil

No Brasil, o hip hop chegou na década de 80, trazido por grupos de break dance que se reuniam para ensaiar coreografias e trocar referências na Galeria 24 de maio e na estação São Bento, em São Paulo. Sim, foram os b-boys que trouxeram essa cultura para o nosso país, por meio da dança.

Naturalmente, a música foi influenciada pelas batidas do rap e os artistas brasileiros passaram a incorporar esse estilo ao funk, ao reggae, ao soul e ao samba. Uma mistura cheia de brasilidade e muita identidade nacional, que a gente pode conferir nas origens em nomes como Thaíde e DJ Hum, Racionais MC’s, Planet Hemp e MV Bill.

Com o passar do tempo, o hip hop brasileiro se tornou um movimento político e artístico com muita personalidade e contextualizado na realidade do país. Com suas letras, os artistas do Brasil expressam sua revolta com as mazelas da nossa sociedade. 

O surgimento do trap

Nos anos 2000, um subgênero do rap e do hip hop tomou conta das paradas. Estamos falando do trap, que teve como principal criador o DJ Paul, do sul dos Estados Unidos.

Nesta variação, os músicos usam arranjos de outras músicas, como a eletrônica, para deixar o rap mais dançante, frenético e animado. Alguns nomes mais famosos desse subgênero hoje em dia são Travis Scott, Matuê, Lil Peep e Sidoka. 

Por dentro do trap, uma das vertentes mais revolucionárias do hip hop

Gostou de saber mais sobre a história do hip hop? Aproveite para descobrir o que é o trap, um subgênero que tem feito a cabeça da galera nos últimos tempos. 

O que é trap

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