6 de Outubro de 2023, às 12:00
A história do hip hop vai muito além das letras, dos beats, do breakdance e do grafite. Ela é também o retrato de uma parcela marginalizada da sociedade, que encontrou na arte uma forma de manifestar e lutar pelos seus direitos.
Desde os anos 70 até os dias de hoje, a cena hip hop é um retrato da resistência de um grupo que precisava dar voz às suas vontades e aos seus ideais.
Por falar nisso, a história do hip hop no Brasil não poderia ser diferente. A realidade das comunidades e a indignação daqueles que são considerados “invisíveis” pela sociedade é tema recorrente em suas letras.
Se você curte esse gênero e quer saber mais sobre ele, não deixe de conferir todos os detalhes sobre a história do hip hop mundial.
Muito mais que um gênero musical, o hip hop é uma forma de cultura popular, que nasceu no bairro do Bronx, em Nova York, nos Estados Unidos, em meados da década de 70.
A região era considerada o subúrbio da cidade e, naquela época, era ocupada por comunidades africanas, caribenhas e latinas. O período foi marcado por muita violência, preconceito racial, tráfico de drogas e brigas de gangue.
Naquele contexto, os jovens tinham apenas as ruas como espaço de lazer. Era lá que eles expressavam suas emoções e seus desejos, com desenhos, pinturas, danças e, é claro, músicas.
Através da arte, a juventude se opunha ao governo da época e à forma como era tratada por ele.
Foi nesse clima que alguns garotos do Bronx começaram a se unir para organizar festas na região, as chamadas block parties, comandadas por DJs.
No mesmo contexto, os adolescentes do Bronx passaram a se organizar em gangues, para se defender da violência das ruas. Uma das mais notáveis foi a Black Spades.
Entre seus membros, merece destaque Lance Taylor, um jovem que tinha uma biblioteca dentro de sua casa e estava sempre lendo – sua mãe fazia parte dos Panteras Negras.
Lance ganhou um concurso de redação da UNICEF e o prêmio era uma viagem à África. Ao voltar para os Estados Unidos, tomou a decisão de transformar as gangues em grupos ativistas pelos direitos do povo e pelas causas humanitárias.
Posteriormente, nos anos seguintes, Lance passou a adotar o pseudônimo de DJ Afrika Bambaataa e se tornou um dos nomes mais importantes da história do hip hop.
Em 1973, o garoto Clive Campbell, de 18 anos, conhecido no Bronx como DJ Kool Herc, resolveu inovar em uma festa organizada em parceria com a sua irmã, Cindy.
Os dois eram conhecidos na região por promover eventos grandiosos no prédio onde viviam, localizado na avenida Sedgwick, 1520. Uma curiosidade: em 2017, a avenida foi renomeada, em homenagem à origem do hip hop, e passou a se chamar Hip Hop Boulevard.
Em uma festa que aconteceu no dia 11 de agosto de 1973, Kool Herc se apresentou usando apenas trechos instrumentais de várias músicas, o que fez com que os convidados dançassem a mesma canção por muito mais tempo.
Enquanto as faixas iam tocando, um amigo de Kool Herc, que ele chamou de MC, acompanhava a batida, com letras autorais. Este momento icônico é considerado pelos especialistas no estilo como o nascimento do hip hop.
Ainda em 1973, no dia 12 de novembro, foi fundada a ONG Zulu Nation, pelo DJ Afrika Bambaataa. A organização era voltada para a promoção de atividades artísticas, da cultura do hip hop, para os jovens do Bronx e de outros subúrbios de Nova York. A ideia é que eles se afastassem da cultura da violência e se dedicassem à arte.
Até hoje, a Zulu Nation permanece em atividade, com os mesmos propósitos da época de sua fundação: paz, amor, união e diversão.
O DJ Afrika Bambaataa, inclusive, foi quem determinou os 4 movimentos do hip hop. Para ele, os quatro pilares dessa cultura são o DJ, o MC, o B-boy/breakdance (dança) e o grafite.
Assim, o hip hop passou a ser muito mais que um gênero musical. Ele se tornou uma manifestação artística e inclusiva, de modo que todos pudessem contribuir com a sua arte.
A partir da elaboração da cultura hip hop, a sua parte lírica passou a ser representada pelo rap. Nas décadas de 70 e 80, DJs e MCs passaram a dominar as discotecas, com a combinação de ritmo e poesia. Foi nesse período que começaram a surgir também as batalhas de rap.
Mas o hip hop traz consigo outras influências de musicalidade. Nas primeiras batidas, o funk, o soul e o rhythm and blues fizeram parte das pickups dos DJs e conduziram os versos dos MCs.
E, até hoje, muitos são os artistas que incluem referências do rap em suas composições, dos mais diversos estilos musicais.
Depois de dominar as ruas, as festas e as casas de shows das periferias de Nova York, o hip hop conquistou outras regiões dos Estados Unidos, principalmente após o lançamento de Rapper’s Delight, do Sugarhill Gang, em 1979.
A partir desse hit, o hip hop passou a ser um ritmo que inspirou outros gêneros musicais diferentes.
Na década de 80, outros artistas conquistaram o público norte-americano. Um dos motivos foi a criação da MTV, que exibia clipes de rap em sua programação. Um exemplo é o grupo N.W.A., que lançou o disco Straight Outta Compton, de grande repercussão nacional.
Outros nomes de destaque, que ajudaram a popularizar a cultura do hip hop através do rap internacional, foram Run-D.M.C., Public Enemy, Beastie Boys, LL Cool J, Salt-N-Pepa e MC Hammer.
Na década seguinte, em 1990, o hip hop atravessou as fronteiras dos EUA, alcançando as paradas do mundo inteiro.
Esse alcance internacional aconteceu graças a duas vertentes do rap: o gangsta rap e o rap alternativo. A partir das músicas de rap, os outros movimentos do hip hop também conquistaram o público de vários países.
Nos anos 2000, o hip hop, conduzido pelo rap, começou a incorporar novos efeitos visuais e sonoros. Assim como a inovação artística, novos públicos também passaram a se interessar por essa cultura e o hip hop se tornou cada vez mais popular.
Alguns nomes que contribuíram muito para transferir o hip hop para o mainstream foram Eminem, Jay-Z, Kanye West, 50 Cent, Lil Wayne, Drake, Kendrick Lamar, Nicki Minaj, Beyoncé e Rihanna. Esses artistas dominaram grandes festivais, paradas internacionais e as mídias digitais por todo o planeta.
No Brasil, o hip hop chegou na década de 80, trazido por grupos de break dance que se reuniam para ensaiar coreografias e trocar referências na Galeria 24 de maio e na estação São Bento, em São Paulo. Sim, foram os b-boys que trouxeram essa cultura para o nosso país, por meio da dança.
Naturalmente, a música foi influenciada pelas batidas do rap e os artistas brasileiros passaram a incorporar esse estilo ao funk, ao reggae, ao soul e ao samba. Uma mistura cheia de brasilidade e muita identidade nacional, que a gente pode conferir nas origens em nomes como Thaíde e DJ Hum, Racionais MC’s, Planet Hemp e MV Bill.
Com o passar do tempo, o hip hop brasileiro se tornou um movimento político e artístico com muita personalidade e contextualizado na realidade do país. Com suas letras, os artistas do Brasil expressam sua revolta com as mazelas da nossa sociedade.
Nos anos 2000, um subgênero do rap e do hip hop tomou conta das paradas. Estamos falando do trap, que teve como principal criador o DJ Paul, do sul dos Estados Unidos.
Nesta variação, os músicos usam arranjos de outras músicas, como a eletrônica, para deixar o rap mais dançante, frenético e animado. Alguns nomes mais famosos desse subgênero hoje em dia são Travis Scott, Matuê, Lil Peep e Sidoka.
Gostou de saber mais sobre a história do hip hop? Aproveite para descobrir o que é o trap, um subgênero que tem feito a cabeça da galera nos últimos tempos.
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