22 de Agosto de 2020, às 19:00
A mistura de ritmos africanos com o swing baiano deu origem a um dos estilos musicais mais populares do Brasil, o samba. Envolvente e alegre, o samba representa muito bem a diversidade cultural presente no nosso país.
Esse estilo tão importante para a nossa cultura foi duramente perseguido nos anos 20, podendo acarretar na prisão de quem ousasse sambar e batucar pelas ruas.
Se hoje ele está presente nas avenidas, sendo apreciados por turistas do mundo todo, no passado o samba era a diversão dentro dos quilombos.
A Bahia e o Rio de Janeiro foram os cenários principais dentro da origem e história do samba, que foi se popularizando com o decorrer da história e hoje é nosso patrimônio cultural, repleto de misturas e palco perfeito para a diversidade.
Quer conhecer um pouco mais sobre a história do samba? Vem com a gente!
Com influências africanas, o samba surgiu na Bahia no século 19, tendo como cenário mais preciso o Recôncavo Baiano.
O povo negro trazido da África contribuiu significativamente para a mistura de ritmos, fortalecendo a música e a história deste estilo tão admirado no mundo todo.
Porém, jamais poderíamos deixar de mencionar o Rio de Janeiro, outro lugar de peso na história do samba, por conta do samba de roda e, claro, das escolas de samba.
Com a abolição da escravidão, muitos negros migraram para o Rio de Janeiro, assim como para outros estados, e isso fez com que o estilo fosse ganhando características específicas de cada região.
No final da década de 20 e início da década de 30, no Rio de Janeiro, o bairro Estácio de Sá teve papel crucial no desenvolvimento do samba carioca.
Em 1917, foi gravada a música Pelo Telefone, registrada pelo cantor Manuel Pedro dos Santos, o Baiano, com composição de Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, e Mauro de Almeida.
Para especialistas e historiadores, esse momento seria o ponto de partida, por ser o primeiro samba gravado. Mas a gente sabe que o povo já estava se divertindo e sambando bem antes disso.
Na década de 30, com o presidente Getúlio Vargas no poder, a ideia era fazer com que o samba se tornasse um símbolo do país e, claro, ele conseguiu e o estilo ganhou novas misturas, chegando aos carnavais, com o crescimento das escolas de samba.
Com o fortalecimento dos sambas-enredo e do samba-canção, da bossa e de tantos outros gêneros, o estilo mais popular do Brasil conquistou não apenas o país, mas o mundo. Afinal, qual gringo resiste quando escuta a batucada?
Se você gosta de samba, muito provavelmente já disse algo do tipo hoje tem samba ou, hoje eu vou pro samba. Essa ideia sempre foi muito presente, pois antes de surgirem os primeiros registros de música identificada dentro do gênero, a palavra era utilizada como sinônimo de alegria, festa.
A palavra samba vem do termo africano semba, que significa umbigada, que era o tempo que os escravos tinham de folga, era o momento livre, então eles aproveitavam para festejar com muito batuque e dança de roda.
Então, o termo samba representa pular de alegria, é sobre estar animado.
Entender o samba e o impacto desse gênero musical é compreender a si mesmo enquanto brasileiro. Isso porque o samba ajudou a formar a nossa identidade e até hoje contribui significativamente para o fortalecimento econômico através do Carnaval.
Para se ter uma ideia, a estimativa do carnaval 2020 era de atrair 36 milhões de foliões e um faturamento de 8 bilhões. Agora imagine ao longo da história a importância que esta festa popular tem para o país.
Mas nem sempre foi assim, com honras e para atrair turistas. O samba era marginalizado, considerado uma celebração mal vista por conta da predominante presença negra nas festas.
Foi Getúlio Vargas, com a ideologia do Estado Novo, que ajudou a amenizar e mudar essa imagem negativa que o samba tinha, de ser um reduto frequentado por malandros.
O empenho do governo foi tanto que, através do Departamento de Imprensa e Propaganda, buscaram incentivar os compositores a deixarem de lado os temas relacionados à malandragem e à vida boa.
Apesar desta tentativa de higienizar o estilo, o samba ganhou novas contribuições, ritmos foram se misturando e letras irônicas e de protestos surgiram, até mesmo para driblar a censura.
O estilo só conquistou o respeito e o reconhecimento merecido depois que cantores brancos passaram a compor samba, como Ernesto Nazareth e Noel Rosa, mas a gente sabe que a história começou bem antes deles 😉
A sambista Teresa Cristina, em depoimento no Canal Philos, relembra que o samba se tornou a própria cara e cultura do país, pois é ele que representa o Brasil em grandes eventos mundiais, por exemplo.
Segundo ela, apesar de ser lembrado por conta da alegria, o samba não nasceu para falar de coisas felizes, ele tem uma inquietação e uma base de tristeza e insatisfação social.
É normal no carnaval você cantar uma letra muito triste e ser enganado pela batucada. O samba existe para dar voz e vazão para situações que a gente precisa sair do lugar.
Agora, vamos a alguns grandes nomes do samba?
Nascida no Rio de Janeiro, em 1922, Dona Ivone Lara foi a primeira mulher a assinar um samba-enredo.
Ela tem papel fundamental na história do samba, fazia parte da ala de compositores da Império Serrano.
É dela a autoria das canções Nasci para Sonhar e Cantar, Não Me Perguntes e Os Cinco Bailes da História do Rio, de 1965, samba que deu a Dona Ivone Lara a sua consagração como compositora e sambista.
Considerado o maior sambista brasileiro, Angenor de Oliveira, o Cartola, nasceu em 1908 no Rio de Janeiro. Além de compor, escrevia poesia e tocava violão e cavaquinho.
Ainda garoto, foi morar no Morro da Mangueira onde, mais tarde, em 1928, fundou a Estação Primeira de Mangueira. Ajudou a fundar também, com um grupo de amigos, o Bloco dos Arengueiros.
O primeiro samba enredo da Mangueira foi Cartola que compôs, chamado Chega de Demanda. Nos anos 30, as composições de Cartola ficaram famosas cantadas por Carmen Miranda, Araci de Almeida, Mário Reis, Francisco Alves e Sílvio Caldas.
Entre seus maiores sucessos, estão as músicas O Mundo É um Moinho, As Rosas Não Falam e Preciso Me Encontrar.
Considerado um cronista musical por retratar em suas composições o cotidiano da Bahia, Clementino Rodrigues, o Riachão, nasceu em Salvador em 1921.
Foi um dos maiores sambistas do Brasil dentro da chamada velha guarda.
São dele as composições Vá Morar Com o Diabo, Cada Macaco no Seu Galho, Retrato da Bahia, entre outras.
Nelson Sargento é outro importante nome que ajudou a fortalecer o samba, nasceu no Rio de Janeiro em 1924 e se tornou artista plástico, ator e escritor.
Hoje, aos 96 anos, ele é baluarte e presidente de honra da Estação Primeira de Mangueira. Entre suas principais músicas estão, Agoniza Mas Não Morre e Falso Amor Sincero.
A história do samba se funde com a nossa identidade cultural e foram muitos os grandes compositores e cantores que ajudaram a transformar o samba, ajudando o estilo a chegar no lugar merecido e de respeito.
Aqui, deixamos também a nossa singela homenagem a Pixinguinha, Alcione, Beth Carvalho, Arlindo Cruz, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Candeia, Noel Rosa, Bezerra da Silva, Agepê, entre tantos outros artistas incríveis!
O samba-exaltação é uma vertente extremamente nacionalista do estilo, e um de seus maiores clássicos foi escrito por Ary Barroso. Conheça a história da canção Aquarela do Brasil.
Curta as suas músicas sem interrupções
Pague uma vez e use por um ano inteiro
R$ /ano
Use o Letras sem anúncios.
R$ /ano
Benefícios Premium + aulas de idiomas com música.
Já é assinante? Faça login.