11 de Fevereiro de 2021, às 12:00
Uma das músicas brasileiras mais ouvidas no exterior é Mas Que Nada. Por aqui, ela também é um grande sucesso e agrada tanto o público quanto a crítica. O que muita gente não sabe é que existe muita história e influência cultural por trás desse hit.
É claro que, por ser tão conhecida, ela está entre as melhores do cantor Jorge Ben Jor, que é seu compositor e principal intérprete. Lançada em 1963, ela não pode ser classificada nem como bossa nova, nem como samba tradicional. E é aí que está a sua genialidade e inovação! 😉
Se você curte o som e a letra de Mas Que Nada, mas não faz ideia da história dessa música, chegou a hora de descobrir as inspirações e as influências de Jorge Ben Jor para a sua criação. Não perca!
Composta em 1942 e gravada somente em 1963, a principal composição de Jorge Ben Jor foi a responsável pelo seu reconhecimento na música brasileira.
Com uma combinação rítmica entre o samba, o jazz e o maracatu, Mas Que Nada abriu portas para a carreira do músico e quebrou paradigmas no cenário musical da época.
Mas de onde será que surgiu a ideia de compor essa canção tão emblemática? Descubra todos os detalhes a seguir:
Jorge Ben Jor (que na época ainda se chamava Jorge Ben) sempre foi interessado por música e, desde pequeno, já mostrava essa tendência aos seus pais.
Aprendeu a tocar pandeiro aos 13 anos e participava do coral da igreja, onde entrou em contato com outros instrumentos.
A sua principal paixão era o violão. Depois de ganhar um de presente de sua mãe, não largou mais a música e continuou se aperfeiçoando.
E ele não se contentava em tocar o básico. Queria explorar a musicalidade de João Gilberto, um dos seus maiores ídolos e um dos criadores da bossa nova, mas também estava interessado na viola caipira de Luís Carlos Paraná e no rock internacional, que estourava no Brasil.
Toda essa mistura de influências o atraiu para o Beco das Garrafas, no bairro Copacabana, considerado ponto de encontro dos boêmios do Rio de Janeiro. Lá, ele entrou em contato com os melhores músicos da época.
Foi em meio a esse turbilhão criativo que Jorge Ben se inspirou para gravar um compacto com duas músicas, ao lado do maestro João Theodoro Meirelles e do grupo Copa 5. Uma delas era Mas Que Nada.
O sucesso foi tão grande que proporcionou ao artista o lançamento do seu primeiro álbum, Samba Esquema Novo, naquele mesmo ano.
Mesmo que você não seja um grande conhecedor de teoria musical, já deve ter percebido que Jorge Ben Jor mistura vários estilos em suas canções.
É uma fusão de ritmos, sons e melodias que fazem da sua produção musical extremamente original.
No caso de Mas Que Nada, seu primeiro sucesso, temos arranjos que trazem um misto do samba tradicional, saído das periferias brasileiras, com o jazz requintado da alta sociedade. Tudo isso sem deixar de lado a cultura negra e as raízes africanas.
As influências da cultura africana na vida de Jorge Ben Jor começaram muito cedo, mais precisamente ainda na barriga da mãe, que era uma imigrante vinda da Etiópia. Assim, desde criança, ele já estava em contato com as tradições de seus ancestrais.
Todo esse conhecimento fez com que o cantor incorporasse muitos desses elementos em suas composições, com os tambores do maracatu e o jongo. E, no caso de Mas Que Nada, temos também uma referência linguística, que percebemos logo na primeira estrofe, cantada no dialeto iorubá:
O ariá raió
Obá obá obá
O ariá raió
Obá obá obá
O trecho, que é repetido em outros momentos da letra, é uma saudação à Obá, deusa guerreira do candomblé. A intenção é pedir força e bênção à entidade, para que todos possam desfrutar da musicalidade que une os povos.
Aqui no Brasil, Mas Que Nada chamou a atenção do público, da crítica e, claro, de outros músicos, pela irreverência de Jorge Ben Jor. Tanto que, no mesmo ano de seu lançamento, o Tamba Trio já garantiu a sua interpretação:
E, em 1965, dois anos depois do seu lançamento, Jorge Ben Jor foi convidado para uma turnê de três meses nos Estados Unidos. Foi lá que o maestro brasileiro Sérgio Mendes o conheceu e gravou uma versão da música com a Banda Brasil 66. Veja:
Essa gravação fez com que Mas Que Nada se tornasse conhecida em todo o mundo e recebesse interpretações de artistas internacionais consagrados, como Ella Fitzgerald, Al Jarreau, Trini Lopez e José Feliciano.
Muitos anos depois, em 2006, Sérgio Mendes gravou novamente a canção. Dessa vez ao lado da banda Black Eyed Peas, com uma participação especial da esposa do maestro, Gracinha Leporace.
A nova versão, bem contemporânea, contribuiu com o reconhecimento mais recente desse sucesso e fez com que novas gerações conhecessem o poder da música de Jorge Ben Jor.
Provavelmente você já conhece essa gravação de Mas Que Nada, mas vale a pena ouvir de novo:
Além disso, a canção está na trilha sonora do filme Rio, de 2011, e chegou a ser tema de abertura do programa Estrelas da Rede Globo, apresentado por Angélica, entre 2006 e 2011.
Todas essas produções também contribuíram para a popularidade de uma música que, apesar de ter sido lançada na década de 1960, continua agradando as novas gerações!
O samba é um dos ritmos que compõem a musicalidade de Jorge Ben Jor e está presente na maioria de suas músicas, inclusive em Mas Que Nada, que você acabou de conhecer a história.
Se você curte esse estilo musical, que é considerado patrimônio brasileiro, conheça agora a história do samba!
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