12 de Julho de 2022, às 12:20
A gente sabe que um grupo faz sucesso quando ele ultrapassa a bolha e vira hit a nível mundial, como é o caso do The Clash, uma das maiores bandas de punk rock da história. Com o álbum London Calling, vários novos fãs e admiradores foram conquistados.
Lançado em 1979, London Calling foi a fonte de inspiração de muitos outros trabalhos que foram feitos na época e reverbera em músicas até hoje, tamanho o sucesso que teve, tanto por parte do público como da própria crítica especializada.
Ao todo são 19 músicas com uma produção bem variada e letras que chamam a atenção, mas London Calling, a faixa que dá título ao álbum, guarda um lugar especial no coração de todos.
A composição é simples, mas traz várias reflexões interessantes. E se você nunca parou para pensar nisso, que tal analisar o significado de London Calling junto com a gente?
O que The Clash fez em London Calling foi criar uma música atemporal. É por isso que nós estamos aqui, mais de 40 anos após o lançamento, analisando o seu significado.
O impacto criado é tão grande que ela, até hoje, é usada como parte de grandes projetos, como é o caso da trilha sonora de The Boys, uma das maiores séries da Amazon Prime Video. A letra combina perfeitamente com a temática da produção.
A música já começa com o título, chamando a atenção do ouvinte como se agora fosse a hora de escutar uma história:
London calling to the faraway towns
Londres chamando as cidades distantes
Now war is declared and battle come down
Agora a guerra foi declarada e a batalha começou
A expressão London calling se refere aos boletins radiofônicos que transmitiam mensagens ao povo, já que era uma forma de longo alcance. O verso a seguir, falando sobre o começo de uma guerra, é um bom exemplo desse contexto histórico.
Falar sobre The Clash e London Calling, inclusive, é falar diretamente sobre a história do punk e o momento político em que a música foi lançada.
Em Londres, no ano de 1979, a Dama de Ferro, Margaret Thatcher, foi empossada como primeira-dama e começou a impor várias limitações aos moradores. A música, para os membros do The Clash, foi uma forma de relatar e lutar contra o que eles sofriam.
Um dos trechos mais interessantes da música aparece ainda na primeira estrofe e mostra exatamente a questão do contexto político da época:
London calling, see, we ain’t got no swing
Londres chamando, veja, não temos ritmo
‘Cept for the ring of that truncheon thing
Exceto pelo ressoar de cassetetes
Uma denúncia explícita sobre o abuso e violência vindos da polícia antes de entrar na próxima estrofe que é, novamente, um alerta:
The ice age is coming, the Sun’s zooming in
A era do gelo está chegando, o Sol se aproximando
[…]
Engines stop running, but I have no fear
Motores param de funcionar, mas não sinto medo
Cause London is drowning, and I live by the river
Londres está inundando e eu moro perto do rio
Os debates sobre aquecimento global não são de hoje. Há 40 anos, The Clash já alertava sobre o derretimento das geleiras, algo que está cada vez mais acelerado atualmente — e a tendência é que continue piorando.
O desfecho da estrofe é bem interessante, já que a questão do rio remete à possibilidade de transbordamento do Tâmisa que amedrontava os moradores de Londres na época.
Após isso, começa mais uma estrofe informativa guiada pelo London Calling para avisar sobre as novidades do momento.
London calling to the zombies of death
Londres chamando os zumbis da morte
Quit holding out and draw another breath
Pare de esperar e recupere o fôlego
Este é um dos trechos mais interessantes de London Calling. No começo, vemos muita relação entre os versos escritos e cantados por The Clash com a realidade de Londres na época, como mencionamos. Mas zumbis não fazem parte desse histórico.
É aí que entra outra possibilidade de interpretação sobre a crítica da música: o exagero da mídia ao relatar notícias. Episódios pequenos, quando são contados com alarde, são capazes de ganhar força e desestabilizar toda uma comunidade.
Essa teoria ganha ainda mais força conforme chegamos à parte final de London Calling:
Now get this
Agora saca só
London calling, yes, I was there too. And you know what they said? Well some of it was true
Londres chamando, sim, eu estava lá também. E sabe o que disseram? Bem, uma parte era verdade
A conclusão da música lembra muito o momento de reviravolta em uma história. É como se o narrador estivesse dizendo que presenciou alguns acontecimentos e as coisas não aconteceram exatamente como descreveram — apenas em partes, ao que parece.
É uma forma interessante de criticar o poder da mídia em mostrar o que os grandes canais querem, mas sem descredibilizar a importância que eles têm para manter todos informados.
Em resumo, é mais um alerta para prezar pela verdade acima de tudo. A mensagem é tão boa e remete perfeitamente ao poder que The Clash, uma das maiores bandas de rock dos anos 70, possui até hoje.
Se só a faixa-título do álbum já tem tanto significado, imagine o que existe por trás das outras músicas! Preparamos uma seleção de curiosidades que vão te fazer ficar ainda mais apaixonado pelo London Calling. Confira!
Guy Stevens foi o produtor de London Calling. Ele foi o responsável por fazer com que os membros do The Clash ficassem focados no álbum e não se distraíssem quando estivessem juntos.
Para Paul Simonon, baixista da banda, Steven foi uma espécie de condutor para todos ao fazer com que eles dessem o seu melhor durante o processo criativo.
Leia também: Rock dos anos 70: as melhores músicas
Assim como London Calling, que fala sobre vários eventos reais, Spanish Bombs, que também faz parte do álbum, foi escrita com base na Guerra Civil Espanhola.
Joe Strummer, que foi guitarrista e vocalista do The Clash, ouviu a notícia sobre um ataque terrorista na Espanha e esse foi o ponto de partida para a composição da música.
A partir disso ele traçou um paralelo entre passado e presente, resultando em Spanish Bombs.
Apesar da banda ter popularizado a canção, Revolution Rock é, na verdade, um cover do cantor jamaicano Danny Ray. A música original é feita em reggae, mas The Clash mudou completamente a estrutura e a deu uma nova vida.
Uma das melhores composições do London Calling, Lost In The Supermarket começou a ser escrita em uma caixa de cordas de guitarra pelas mãos mágicas de Joe Strummer.
E a melhor parte é que o objeto existe até hoje, sendo um dos itens mais incríveis do acervo do The Clash, principalmente após a morte de Strummer, em 2002.
Muitos não sabem, mas quem aparece na capa do álbum de London Calling é Paul Simonon, o baixista da banda. A foto foi tirada durante um show em Nova Iorque quando o artista, ao ver que o público não estava empolgado, tentou reagir de alguma forma.
Além disso, a disposição do texto foi feita como forma de homenagear a capa do primeiro álbum de Elvis Presley. A semelhança é bem clara!
Não é só London Calling que tem uma cheia de significado! Outras bandas de rock também usaram a parte visual como forma de mostrarem o seu posicionamento político e até mesmo prestarem homenagens a grandes inspirações.
Preparamos uma lista com as capas de 8 álbuns de rock e seus significados. Tem Pink Floyd, Beatles, Nirvana e, é claro, The Clash!
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