28 de Agosto de 2022, às 12:00
Mesmo que você não tenha nenhuma crença religiosa, é bem provável que já tenha se emocionado com alguma música sacra. Afinal, muito além da fé, esse estilo musical é marcado pela sensibilidade e pela emoção ao trabalhar com a melodia.
Apesar disso, em muitos contextos, ela é vista como sinônimo de música litúrgica, que corresponde às músicas antigas da Igreja Católica, muito usadas em missas e rituais religiosos.
Para tirar todas as suas dúvidas sobre o tema, chegou a hora de saber exatamente o que é a música sacra e também a sua história ao longo dos séculos. Confira!
Nem toda música católica antiga é sacra, mas toda música sacra é religiosa. Ficou confuso(a)? Calma, que já vamos esclarecer tudo o que você precisa saber sobre um dos estilos musicais mais antigos do mundo.
Em sentido mais restrito, a música sacra é aquela produzida para fins de adoração, de acordo com a tradição cristã e ortodoxa. Mas, em sentido amplo, ela pode ser usada como sinônimo de música litúrgica, que é aquela produzida para missas e celebrações religiosas de qualquer crença.
De acordo com o Cristianismo, a música sacra deve ser uma composição musical erudita, criada para fins religiosos, que apresenta as seguintes características:
Apesar de ter muitos requisitos, há uma citação de Bach que resume todos eles: A música deverá não ter nenhum outro alvo ou objetivo senão a glória de Deus e a recreação da alma.
Além disso, é importante dizer que ela também pode abranger outras religiões, como o Judaísmo, o Budismo, o Islamismo, entre outras.
Embora a música sacra seja aquela criada com finalidade religiosa, é claro que ela também deve ser feita por meio das técnicas musicais comuns a qualquer estilo, como melodia, harmonia, ritmo e forma.
Nesse sentido, todos esses elementos principais devem ser elaborados e combinados com o objetivo de elevar o espírito do seu ouvinte, sempre de acordo com os preceitos religiosos.
É claro que não é qualquer melodia, harmonia, ritmo e forma que consegue cumprir esse papel. Afinal, a música sacra não é igual ao pop ou ao rock, por exemplo. O que importa é a intenção de adoração e devoção ao Pai.
A história desse estilo musical se confunde com a evolução da Humanidade e das civilizações. Mas a sua origem é registrada na Idade Média, período no qual a Igreja Católica detinha grande poder social e econômico.
Nesse sentido, praticamente todas as músicas produzidas naquele período eram hinos religiosos, com raras exceções de canções boêmias, compostas por artistas de rua.
É interessante notar que foi nessa época que surgiu a necessidade de se criar uma Teoria Musical, algo que as pessoas tentavam fazer desde a Antiguidade Clássica. Entretanto, como não havia registros escritos, essas regras foram se perdendo ao longo dos anos.
Na Idade Média, a principal vertente dessa manifestação musical foi criada: o canto gregoriano. Ele é marcado pela voz humana e pelo canto litúrgico, sem o acompanhamento de instrumentos.
O nome da música sacra gregoriana é uma homenagem ao papa Gregório Magno, responsável por compilar todos os cantos religiosos de sua época e distribuí-los para as Igrejas da região.
É por esse motivo que a música sacra antiga se propagou pelo velho continente e motivou a criação de escolas de música para monges e freiras, que compuseram livremente canções litúrgicas.
A freira beneditina Hildegarda de Bingen foi um dos principais nomes da música sacra medieval do século XI. Ouça um de seus cantos mais famosos:
Além do canto gregoriano, outra forma consagrada desse estilo musical é o moteto, que é uma peça composta com base nos textos religiosos. Na maioria das vezes, essa composição é escrita em latim.
Um exemplo de fonte de inspiração para esse formato é o Livro dos Salmos, parte da Bíblia que sempre está presente na missa católica, geralmente dividida em seis partes: Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus, Benedictus e Agnus Dei.
Há também o réquiem, também chamado de missa dos mortos, que inclui, além das partes básicas da missa, outras adicionais, como Dies Irae, Confutatis e Lacrimosa.
Um exemplo de moteto que está entre as músicas religiosas mais tocadas de todos os tempos é Te Deum. Confira a interpretação desse hino clássico na voz do Padre João Carlos, traduzido do latim para o português:
O fato de uma música ser composta por uma pessoa religiosa não quer dizer necessariamente que ela será classificada como música sacra.
Para tanto, ela deve transmitir ao ouvinte uma aura de santidade e espiritualidade. Saiba agora quais são as músicas sacras mais famosas:
No Ocidente, a música considerada sacra começou a ser produzida durante o Renascimento. Naquele período, o seu principal compositor foi Jacques Arcadelt.
Uma de suas canções mais famosas é a Ave Maria, que tem uma linda história e um significado muito especial para os cristãos:
No Barroco, Bach, Vivaldi e Haendel foram os nomes mais notáveis da música litúrgica. Com certeza, você já deve ter ouvido pelo menos um trecho de Jesu Joy of Man’s Desiring, a mais tocada de Bach:
Com o passar dos anos, esse estilo musical religioso continuou a ser produzido com maestria por grandes compositores. No Classicismo, Haydn, Mozart e Nunes Garcia são os artistas de maior destaque.
Para que você tenha uma ideia do que estamos falando, ouça agora a Lacrimosa, de Mozart:
O Romantismo foi um período em que o sentimentalismo e a subjetividade estavam mais latentes nas manifestações artísticas. Por isso, muitos músicos, como Bruckner, Gounod, César Franck e Saint-Saëns são lembrados até hoje pela beleza e pela emoção de suas canções.
Um exemplo é esta versão de Ave Maria, composta por Charles Gounod, que até hoje é apresentada em missas e celebrações religiosas:
Passando para o Modernismo e trazendo a música litúrgica para uma produção mais contemporânea, temos a composição Prólogo, Fuga e Final, do brasileiro Amaral Vieira.
O musicólogo e pianista, nascido em São Paulo, é um dos maiores representantes desse estilo na atualidade. Fique por dentro de sua obra:
Agora que você já sabe o que é a música sacra e os detalhes da sua história, que tal se aprofundar ainda mais sobre outros elementos dessa arte milenar?
Conheça agora a história de Santa Cecília, considerada a Padroeira dos Músicos e da Música.
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