14 de Julho de 2021, às 12:00
Quem segura o porta-estandarte tem a arte e aqui passa com raça, eletrônico, o Maracatu atômico… Muito popular na cultura pernambucana, o maracatu é uma expressão artística que mistura música e dança.
O verso da Nação Zumbi exalta o maracatu, muito presente nas canções do grupo também de Pernambuco.
Com figurinos repleto de cores, as apresentações de maracatu são muito comuns na época do carnaval e é típico do folclore brasileiro, com raízes na cultura africana, portuguesa e indígena.
Alguns artistas e músicas brasileiras tiveram inspirações no maracatu para compor seu estilo e sonoridade. A seguir, vamos saber um pouco mais sobre essa expressão artística e suas origens!
O maracatu surgiu em Pernambuco e os primeiros registros sobre a manifestação folclórica remontam aos anos de 1711. Através da dança, música e religião, o maracatu nasceu da mistura da cultura africana com a indigena e europeia, mais precisamente a cultura portuguesa.
A dança era comum nas festas de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, momento em que ocorria a coroação de reis e rainhas negros protegidos pelos santos.
Por isso, não há como negar o sincretismo religioso por trás do maracatu, que acabou se popularizando também em outras regiões do país.
De acordo com registros históricos, a palavra maracatu é um termo polissêmico, com diferentes significados. Embora a relação mais próxima seja a de pessoas negras com batuques.
Isso porque, no período colonial, após as coroações dos reis de congo, os festejos seguiam com os cortejos dos escravos, que dançavam e cantavam.
Com a abolição da escravatura, a celebração perdeu o sentido, porém a cultura do maracatu se transformou e inspirou artistas da música e celebrações de carnaval.
Por isso, podemos entender que o maracatu é uma manifestação folclórica típica de Pernambuco, especificamente das cidades de Nazaré da Mata, Olinda e Recife.
As características que predominam no maracatu são os versos de origem africana, conhecidos como toada. Na parte instrumental, são utilizados instrumentos como gonguê, zabumbas, caixa de guerra e tarol, que acompanham o desfile.
O estandarte, mencionado na canção da Nação Zumbi, leva o nome do grupo e é carregado pelo porta-estandarte. As roupas são de cores vibrantes e esvoaçantes, repletas de lantejoulas e fitas que formam uma espécie de chapéu ao redor da cabeça.
Iluminando o cortejo, os chamados lanterneiros seguem na frente, seguidos de outros personagens importantes do maracatu: reis, rainhas, princesas, príncipes, vassalos, baianas e a dama do passo e o estandarte, os mais importantes.
De acordo com a tradição, a dama do passo leva durante o desfile a calunga. Trata-se de um elemento do candomblé, representado por uma boneca de madeira vestida de forma elegante.
A calunga tem o poder de captar as energias positivas do universo e transmitir aos demais integrantes que participam do ato.
Existem dois tipos de maracatu, o nação e o rural. O maracatu Nação é conhecido também como baque virado, sendo este a expressão mais tradicional e antiga do estilo.
O maracatu Nação é mais comum na área metropolitana do Recife e tem como características o trajeto feito em cortejo, com o rei e a rainha, as bonecas místicas, os dançarinos, além de outros personagens.
Todos são acompanhados por músicos que tocam seus instrumentos de percussão pelas ruas.
Já o maracatu Rural é característico da cidade de Nazaré da Mata, e também é conhecido como baque solto. Surgiu depois do Nação, por volta do século XIX e tem em seus componentes trabalhadores rurais.
Outro personagem de destaque é o caboclo de pena, que leva ao cortejo o seu magnetismo.
No maracatu Rural, o cortejo faz uma homenagem aos trabalhadores rurais e representa as brincadeiras, enquanto o Nação tem um clima mais de corte imperial.
Os instrumentos de origem africana também são grandes destaques neste tipo de maracatu.
A utilização dos instrumentos de percussão, presentes no maracatu, fez com que muitas bandas e artistas buscassem no estilo as bases para compor e criar novos ritmos.
De bandas de rock a grandes nomes da MPB, muitos foram influenciados pelo batuque do maracatu, como Jorge Ben, Alceu Valença, Gilberto Gil, entre outros. Vejamos alguns deles a seguir:
Formada em Recife, Pernambuco, nos anos 90, a Chico Science e Nação Zumbi foi uma das fundadoras do movimento Manguebeat e utilizou em suas canções a base do maracatu, criando versões mais estilizadas.
A música A Cidade, presente no disco Da Lama ao Caos, é um dos maiores sucessos da banda.
Quando a banda Pedro Luís e a Parede começou, lá por volta de 1996, costumavam divulgar seus shows utilizando instrumentos de percussão e megafone, passando pelas ruas da cidade.
Percebemos bastante as influências do maracatu na canção Caio no Suingue.
Mais uma banda de Recife, a Mestre Ambrósio surgiu em 1992 e ficou na ativa até 2004. Maracatu, jazz, rock e música árabe faziam parte das influências da banda,
Junto com o Chico Science e Nação Zumbi, o Mundo Livre S/A não apenas se inspira nas bases de maracatu, mas também ajudou a fundar o movimento Manguebeat.
Ouça a música Bolo de Ameixa, do disco Carnaval na Obra, e sinta a energia do maracatu misturado com o samba rock.
Alceu Valença é apontado como um dos primeiros artistas a modernizar o estilo de maracatu em discos como Maracatus, Batuques e Ladeiras e Cavalo de Pau.
Veja a performance ao vivo de Maracatu, na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro.
O mestre Gilberto Gil gravou Maracatu Atômico para o seu disco Cidade do Salvador. A música é uma composição de Nelson Jacobina e Jorge Mautner e também ganhou uma versão de Chico Science & Nação Zumbi.
Se tem uma coisa que brasileiro sabe fazer bem é música. Misturar estilos e compor letras inspiradoras que atraem fãs no país e no mundo.
Em nossa cultura, alguns gêneros se destacam e fazem história. Vem com a gente conhecer alguns dos principais estilos musicais brasileiros.
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