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Letra

    Vago entre os comodos, sofrendo calado
    A dor nao some, acostuma a doer
    Mas meu corpo implora um carinho, implora um cuidado

    Como a fumaça que nao sobe, entra se revira e se acenta
    Do meu lado
    Uma companhia que nao me deixa tao so

    Ah vida sem pe nem cabeça, que rumo tomaste?
    Que cena encenaste pra esse estupido comum?
    Que com os olhos quer ter ate os olhos lavarem
    O rosto tao sujo, desprezado por vaidade

    Vago por cinzeiros espalhados, acumulando
    Os dias queimados, meu contador de solidao
    Que conta os dias sim e os dias nao

    A mesma casa, a mesma comida, a mesma fumaça, a mesma rotina
    A mesma coberta, as mesmas horas, o mesmo sabor
    O mesmo pavor de estagnar

    Praticamente um ator, pra nao despertar a pena
    Que ronda a inveja patetica e me mantem dopado
    Me deixando irado, sentindo esse maldito gosto amargo
    Do outro lado do prazer

    Mas nessa pele parda que ja tanto serviu de calçada
    Ninguem mais vai pisar e meus olhos treinados
    Agora tao mudados, aceitam que ser feliz
    Esta alem, muito distante de encantar o olhar.


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