Homem de Cor
Caçula e Marinheiro
Patrocínio sonhou a liberdade
Princesa Isabel assinou a redenção
Raiou a primavera no Brasil
Pretos e brancos, felizes, dão-se as mãos
Homem de cor não lastime a sua sorte
Se no passado foste escravo de alguém
Vou te contar a minha história, seu moço
Porque sou branco e fui escravo também
Não tive infância e nem tempo para brincar
Não tenho escola, eu cresci sem instrução
Bem pequenino a cartilha que eu ganhei
Foi uma enxada bem pesada em minhas mãos
E quantas vezes trabalhando em frente a escola
Vi os alunos em recreio a brincar
Se eu parasse um pouquinho para olhar
Vinha o carrasco e me obrigava a trabalhar
Este carrasco que tanto me bateu
Já recebeu seu castigo direitinho
Ele casou com quem ele tanto amava
Mas sua esposa preferiu o mau caminho
Hoje ele vive na mais triste solidão
Rogando a Deus implorando seu perdão
Eu fui escravo muitas vezes judiado
E o carrasco foi o meu próprio irmão
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