Coice da Vida
Campo Grande e Corumbá
Caboclo do norte um mulato forte andava
Com sorte sempre do seu lado
Era conhecido e muito querido
Em toda redondeza bastante afamado
Em toda região era o rei dos peão
No serviço de roça e na lida do gado
No areio ou trator, capataz, domador
Era um professor do serviço pesado
Não tinha empreitada que ele enjeitava
Por isso que era tão requisitado
Grandes amizades pois sua humildade
Era demonstrada de tarde na venda
Tocava viola nas rodas de amigos
E contava os antigos causos de fazenda
Nos bailes da roça dançava e bebia
E a poeira subia de baixo da tenda
As mocinha solteiras lhe admirava
E com elas gastava toda sua renda
Até que um dia o conquistador se apaixonou
Por uma linda prenda
Aquela morena da cor do pecado deixou
O coitado desorientado
Ficou rindo atoa era outra pessoa gritava
Pro mundo estou apaixonado
Viveram felizes só por algum tempo
Até o sofrimento chegar tao pesado
Ela foi embora partindo com outro
Deixando o caboclo tão desengando
Acabou sua vida garrou na bebida
Por aquela bandida foi apunhalado
Já não é como antes pois sofre bastante
Ta no seu semblante a desilusão
Quase nem trabalha pois sua batalha
É reconstruir seu pobre coração
Quem nunca caiu de um cavalo bravo
Mas foi derrubado por uma paixão
Veneno amargo de mulher fingida fica
Sempre a ferida de uma traição
Sei que não existe uma dor mais doida
O coice da vida destrói um peão
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