Relíquias do Homem do Campo
Carlinhos do Pala Branco
Buçal, maneador maneia
Rédeas de couro ensebadas
Relíquias que são cuidadas
Que nem troféus cintilantes
E o gancham altar gigante
Que as conservam penduradas
E é como um ritual sagrado
Que as contemplam todo instante
Tomara que a natureza
Tenha força pra vencer
Mesmo com todo o progresso
Não deixe o campo morrer
Mesmo com todo o progresso
Não deixe o campo morrer
Conservo um galpão de palha
Num quintal arborizado
E um palanque bem cravado
Simbolizando a estância
Nas flores sinto a fragrância
Quando mateio cedinho
E o canto dos passarinhos
Fazem recordar minha infância
Tomara que a natureza
Tenha força pra vencer
Mesmo com todo o progresso
Não deixe o campo morrer
Mesmo com todo o progresso
Não deixe o campo morrer
Quantos anos se passaram
Depois que vim pra cidade
Quase morro de saudade
Quando a tarde vem caindo
Quando o Sol vai se sumindo
Do gado ouço o berreiro
E os instintos de um campeiro
Aos poucos vão se extinguindo
Tomara que a natureza
Tenha força pra vencer
Mesmo com todo o progresso
Não deixe o campo morrer
Mesmo com todo o progresso
Não deixe o campo morrer
Me sento junto a lareira
E atiço o fogo de chão
Com mate canha e violão
Vou afogando meu pranto
Nesta milonga que canto
Olhando o fogo crescer
E rezando pra não morrer
O que ainda resta do campo
Tomara que a natureza
Tenha força pra vencer
Mesmo com todo o progresso
Não deixe o campo morrer
Mesmo com todo o progresso
Não deixe o campo morrer
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