MPB (MEUS POETAS BÁRBAROS)
Célio Bomfim
Desculpe estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De ficar a sós e encontrar a paz
Se eu quiser falar com Deus!
Mas enquanto engoma a calça eu vou lhe contar
Uma história bem curtinha fácil de cantar
-Eles são muitos, mas não podem voar!
E eu sou a luz das estrelas, eu sou a cor do luar
E tenho um sonho todo azul, azul da cor do mar
Se um veleiro repousasse na palma da minha mão
Sopraria com sentimento e deixaria seguir sempre
Rumo ao meu coração
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Até a estrada de terra na boléia de caminhão
Na pedra de turmalina e no terreiro da usina eu me criei
Sabia que tu virias numa manhã de domingo
E, nos sinos das catedrais, o meu amor, anunciei
Eu só queria ter do mato um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros e esconder minha tristeza
E além das coisas novas que também são boas
O amor, o humor das praças, cheias de pessoas
Eu também quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
Porque o meu sangue é latino
E o meu pulso ainda pulsa
Porque a tua piscina tá cheia de ratos
E assim caminha a humanidade
E porque, às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
E alguma coisa acontece no meu coração
Deixe-me cantar a beleza de ser um eterno aprendiz
Pois sonhos não envelhecem no lindo lago do amor
E nessa terra de gigantes somos quem podemos ser
Deixe eu dizer que te amo, deixe eu gostar de você
E se isso for algum defeito, por mim, tudo bem
Porque metade de mim é amor e a outra metade
Também!
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