Burrão de Aço
Cláudio Lacerda
Tenho o meu burrão de aço, todo prazer eu desfruto
Quando eu tô no lombo dele
Eu entro em qualquer reduto
Toda raia que ele corre sempre é absoluto
Com ele eu faço forgado
Meia légua em dois minutos
Pra passar no rio bufando não preciso de viaduto
Jogo o burro no barranco
Só o barulho d’água escuto
Fico em pé em riba dele e vou pitando charuto
Meu burrão vira torpedo
D’outro lado eu saio enxuto
Disputei uma carreira co’ tar de benê benuto
Ele correu de automóve
Carro novo e bão produto
Eu fui no burrão de aço na certeza irresoluto
Cheguei no fim da carreira
Dando poeira no bruto
Nem por cinquenta cavalo meu burrão eu não permuto
Quem quiser que venha ver
No sítio deste matuto
Se um dia ele morrer sou capaz de vestir luto
Porque sei que meu burrão
Não vai ter substituto
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