Lá no bairro aonde eu moro tem uma mulher tagarela
Não consegue ficar quieta tem a língua de tramela
Ela me chamou de feio de nariz de apagar vela
Mas viver bem eu consigo
Porque carrego um gosto comigo
Posso até ser feio mas não sou dela

Bate com a língua nos dentes, mas pra ela não dou pelota
Pra essa mulher faladeira estou servindo de chacota
Feio também tem mulher cada um tem sua quota
Por isso eu falo e sustento
O que a gente faz tem um pagamento
E eu volto o troco conforme a nota

De ela me chamar de feio pouco importa eu não ligo
Com toda minha feiura consegui ter meu abrigo
Quem desenha quer comprar é verdade o que lhe digo
Ser feio não é defeito
Quem ama gosta de qualquer jeito
É um ditado certo que vem dos antigos

Deus me fez um homem feio pra não desmentir a raça
Sou feliz vivendo assim feiura não me embaraça
Nem um bonito passou aonde esse feio passa
Sou feio mas sou enjoado
Vale muito mais um feio engraçado
Do que mais de cem bonito sem graça

Composição: Cezar / Craveiro