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Causa Perdida

Dealema

Letra

    Poucos seriam os que teriam coragem de dar a vida por uma causa perdida
    Ainda mais raro são os que tem mérito reconhecido pela sua audácia
    Isto é uma menção honrosa a todos aqueles que dedicaram a sua existência à garantia da sobrevivência do próximo

    Tinha uma das mãos na arma
    A outra na cabeça
    Decidiu abandonar a sua própria existência
    Tantos anos de luta, labuta,
    Anti-depressivos na gaveta em cima de uma pilha de livros, resignado
    Sem nenhuma dignidade
    Num quarto degradado na baixa da cidade
    Poeta visionário com rima sublime
    O seu pai tinha sido assassinado pelo regime

    Acende um cigarro, sentado,
    Ex-combatente no braço tatuado
    E pensa, já não vale a pena lutar
    Relembra num poema
    A sua mãe a olhar no vazio
    Dois filhos para criar, a chorar o seu amor não iria voltar
    Mas a realidade voltou, a dor apertou o coração e foi então que o gatilho acertou

    Chamem me teimoso, obstinado persistente
    Caio e levanto-me obcecado resistente
    Sinto um certo magnetismo pelo abismo
    Cerro os punhos lanço golpes de exorcismo
    Os demônios interiores permanecem vivos
    Tenho que os manter latentes, adormecidos
    Continuo suspenso na ponte do rio sem margens
    Com visões de um futuro passado em miragens

    Param os relógios são desabas nos pés
    Os glaciares degelam sobem as marés
    Convicto percorro o meu caminho com fé
    Apesar das vozes que sussurram (desiste né)
    As multidões rezam a São Judas Tadeu
    Eu movo dimensões quando vês o céu (breu?)
    Trespassado dor mil sabres no momento derradeiro
    Estarei de cabeça erguida sou guerreiro

    Contra tudo e contra todos
    Contra ventos e marés
    Lutas na causa perdida
    Sem saberem quem tu és (x2)

    O mundo é destruído em direcção ao abismo
    Entra na fila alista-te a causa perdida
    Esta na hora da revelação
    Corvos largam paginas do Apocalipse de São João
    Canibalismo incentiva a prosseguição
    A humanidade é faminta mastiga-me o coração
    o símbolo do homem cravado na testa
    Carrego escrituras à procura da besta
    As asas de uma ave ainda batem no petróleo
    olha um sol engolido no ultimo fôlego
    A voz de uma criança ainda chora após a morte
    Ainda canta numa igreja destruída na guerra santa
    O tempo é um brinquedo adormecido
    Brincam com o futuro e limpam lágrimas de medo
    Vivemos numa galeria de hipocrisia
    Aquecimento global
    Somos estátuas de gelo

    Ele caminha entre chamas e telhados abatidos
    No olhar à esperança de sairmos deste inferno vivos
    Na causa daria a sua vida pelo próximo
    Soam as sirenes no quartel
    Herói anónimo
    O único no ultimo piso do edifício
    Com uma criança nos braços
    Felicidade, sacrifício
    Corpo marcado por queimaduras tatuado
    Acorda de noite sufocado pelas chamas do passado
    Um fardo pesado, um fado embebido em magoa
    Muitos partiram antes da primeira linha de água
    Quantos voluntários no exercício da função
    Ceifados deste mundo pelas chamas da escuridão
    Jovens adolescentes bravos combatentes
    Saudade e coragem no seio dos seus parentes
    Soldado da paz, audaz, anjo na terra parte da cidade em direcção ao pico da serra

    Contra tudo e contra todos
    Contra ventos e marés
    Lutas na causa perdida
    Sem saberem quem tu és (x2)

    Convicto percorro o meu caminho com fé
    Na causa deia a sua vida pelo próximo
    Convicto percorro o meu caminho com fé
    Sou guerreiro
    Herói anónimo

    Contra tudo e contra todos
    Contra ventos e marés
    Lutas na causa perdida
    Sem saberem quem tu és (x2)


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