De fletes e amores
Délcio Tavares
Soltei meus cavalos pro fundo do inverno
Tropeiro de outonos só traz folhas mortas
Meus sonhos mais puros beberam estradas
E as duras estradas beberam meus sonhos
Soltei meus cavalos de tropear amores
E as chuvas de julho lavaram os pêlos
E eu vi os segredos de fletes e amores
Que ao sol tem mil cores, e à chuva são negros
Adeus às estradas e aos teus olhos negros
Amar-te é uma adaga voltada pra mim
Adeus horizontes de céus e de prantos
Que os meus olhos brandos gastaram de ti
Voltei pro meu rancho de barro e silêncios
Domei meus cavalos pra campo e mangueira
Que os fletes de estradas só plantam poeira
Que a chuva do inverno despreza e apaga
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