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Anda sem abrigo
O meu coração
E apesar de amigo
Se falo contigo
Dizes sempre não.
Há-de vir um dia
quando eu for morrer
nessa luz sombria
mesmo da agonia
Hei-de ainda dizer:

Quem é dono do meu ser
És tu.
Porque passas sem me ver,
Não sei.
Vivo só dentro de mim, louca amargura,
Já não creio na ventura
Em que sempre sonhei.
Ai,
Meu amor, quem ri agora
És tu,
Mas um dia há-de surgir
A dor,
Hás-de sofrer como eu sofri
De amor que era só teu, e depois quem há-de rir
Sou eu.

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