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Depois de Um Bolicho...

Fabiano Bacchieri

Letra

    Sarandeia a manga d’água lá na barra do horizonte
    murmuram vozes de nuvens contra o meu poncho “Ideal”,
    os “sete fio” do alambrado choram chuva, luz e prata
    e um quero-quero se achata na crista do macegal.
    O meu tordilho vinagre com barro pelo machinho
    embala um tranco de rede no esteio das quatro patas.
    Flexilhas recém pendoadas mirando a aspa pra o céu
    vão toreando a lo léu, o vento que se desata...

    O corpo mal obedece às coisas do pensamento
    que vem curtindo saudades num preparado de canha,
    pois quem deixou sentimentos escorados num balcão
    conhece bem o tirão quando uma linda nos ganha!
    Troca orelha, meu cavalo no mata-burro da estância
    estreleia e pede boca, é um gato no porteirão...
    E enquanto a tarde adelgaça, um tajã rompe a quietude
    abrindo o bico no açude do seu posto no taipão.
    Cruzando a várzea da frente o meu mundo se apresenta
    - um tatu campeia a toca fazendo trilho na grama,
    um turuno cumpre a sina de retoçar por pachola
    e um charola mostra as armas coçando a testa na trama.

    Por vezes eu me emborracho nalgum bolicho no povo
    por outras estendo a alma além donde a vista alcança,
    - que pra os recuerdos da prenda quero um gargalo e mais nada,
    e pra os amargos da estrada minhas visagens da pampa.


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