Rabos de Galo
Fabio Soares
A tarde morna daquele agosto
Trazia nuances igual verão
Rebrotando as primaveras
Que hibernavam no coração
Em cochichos o vento norte
Pedia um dedinho de prosa
Aos galhos de pessegueiros
Vestidos em cor-de-rosa
O céu era um quadro pintado
Que ainda teimo em lembrá-lo
Naquele azul escamado
Por lindos rabos-de-galo
O Sol num tranco manso
Fazia um mundo colorido
E eu campeava uma estrela
Que nem havia nascido
Talvez só eu quisesse
A luz daquela estrela
Se até a alma dizia
Que não carecia em tê-la
O Sol beijou o horizonte
E a reborda do meu chapéu
Sem encontrar a estrela
Fiquei cantando pro céu
Era um céu ainda sem Lua
Que meu olhar encontrou
E eu encontrei dentro d’alma
O que a retina negou
Veio a noite soprou o Sol
Levando a tarde embora
Foram-se os rabos-de-galo
Com meu canto a campo fora
Ficou a estrela guacha
Alumiando todo o varzedo
Foi lerda, perdeu sua hora
E meu canto veio mais cedo
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