Essa Maria fumaça, devagar, quase parada
O seu foguista, bota fogo na fogueira
Que essa chaleira tem que estar até sexta-feira
Na estação de Pedro Osório, sim senhor

Se esse trem não chegar a tempo, vou perder meu casamento
Abre a catraca de carvão nessa lareira
Que esse fogão é que acelera essa banheira
O padre é louco e bota outro em meu lugar

Se chego tarde, não vou casar
Eu perco a noiva e o jantar
A moça não é nenhuma miss
Mas é prendada e me faz feliz

Seu pai é um próspero fazendeiro
Não é que eu seja interesseiro
Eu sei que é bom e aconselhável
Unir o útil ao agradável

Esse trem não sai do chão
Urinaram no carvão
Entupiram a lotação
E eu nem sou desse vagão
O negão e o alemão
Empregado com o patrão
Opa, opa, já me passaram a mão
Ora, vai lamber sabão

Parara, parara, parara, parara

Se por acaso eu não casar
Alguém vai ter que indenizar

Esse expresso vai a trote mais parece um pangaré
Uma carroça, um jabuti com chaminé
Eu tenho pena de quem segue pra Bagé
Seu cobrador cadê meu troco por favor

Traz, amigo, a manivela, passa sebo na canela
Seu maquinista eu vou tirar meu pai da forca
Porque não joga esse museu no ferro-velho
E compra logo um trem moderno japonês

No dia alegre do meu noivado
Pedi a mão todo emocionado
A mãe da moça me garantiu
É virgem, só que morou no Rio

Seu pai falou: É carne de primeira
Mas se abre a boca só sai besteira
Eu disse: Fico com esta guria
Só quero mesmo pra tirar cria

Esse trem não era o teu
Esvaziaram o meu pneu
Tá louco, mas cadê esse guri?
Tá na fila do xixi
Foi alguém de canguçu
Buru, buru, bururu
Chama o homem do quartel
Deu enjoo na mulher
Fez porquinho no meu pé

Parara, parara, parara, parara

Se por acaso eu não casar
Alguém vai ter que indenizar
É o presidente dessa tal
RFFSA

Composição: Kledir Ramil / Kleiton Ramil