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Letra

    Lá vem o vitor solito
    Entrando no m'bororé
    E um cusco brasino ao tranco
    Na sombra de um pangaré
    Chapéu grande, lenço negro
    Jeitão calmo de quem chega
    Na tarde em tons de aquarela
    Lembra um quadro do berega

    Um flerte troteando alerta
    Num upa se nega pra os lados
    E uma perdiz se degola
    No último fio do alambrado
    Apeia na cruz da estrada
    E o seu olhar se enfumaça
    Saca o sombreiro em silêncio
    Por respeito à sua raça

    Refrão:
    Lá vem o rio grande à cavalo
    Entrando no m'bororé
    Lá vem o rio grande à cavalo
    Que bonito que ele é

    Procura a volta do pingo
    E alço o corpo sem receio
    Enquanto uma borboleta
    Senta na perna do freio
    Até enterte o cristão
    Que se cruza campo a fora
    Mirar a garça matreira
    Com seu pala cor de aurora

    Pois lá num rancho de leiva
    Que ele ergueu com seu suor
    Fica um sonho por metade
    De quem vive sem amor
    Num suave bater de asas
    Cruzam bandos em alarde
    E as garças e o vitor somem
    Lá na lonjura da tarde


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