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Triste Legado

Jean Carmo

Letra

    Um açaizeiro que brotou no nada
    Uma arara-azul que sucumbiu no tempo
    Uma canoa à deriva sem remo levada
    Uma pedra negra nos trilhos exportada

    No fundo do rio, submersos nazistas
    Na mata fechada, aviões abatidos
    Na cachoeira, uma cruz levantada
    O dirigível assustando quem passa

    Conta a história do Amapá
    Diz a lenda da Amazônia
    Saímos perdendo
    No brilho do ouro, cavacos e pedras
    Sorrisos quietos
    Vendendo tesouros (perdendo tesouros)

    Um batuque, um canto, um lamento, um ladrão
    Marabaixo, bebida, rodando o salão
    Uma vida cansada contada em história
    Violinos tocando, plantando a vitória

    Do Sol nascente flutua a caminho norteante
    Explorando a madeira, cortando a mais nobre
    Escrevendo em papel, na escola ou no forte
    Imprimindo a imagem em verde celulose


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