Quando a Mãe Se Vai do Rancho
João de Almeida Neto
Quando a mãe se vai do rancho
Há uma tristeza tamanha
As margaridas fenecem
E a casa parece estranha
Roupas pousam no varal
Há silêncio na cozinha
E na floreira do pátio
Vicejam ervas daninhas
Quando a mãe se vai do rancho
O coração se reparte
E há uma cadeira vazia
Na hora triste do mate
Os sonhos se fazem insônia
O berço perde o balanço
E o filho pergunta: Deus
Por que a mãe se vai do rancho?
Quando a mãe se vai do rancho
Deixa um quarto solitário
Uma santinha sem preces
Um castiçal e um rosário
Não mais o velho tempero
De manjerona e alecrim
Somente um fogão sem lenha
Numa casa sem jardim
Um dia chega essa hora
E o pranto não tem descanso
Fica uma dor sem remédio
Quando a mãe se vai do rancho
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