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Não Calarão Nossa Voz

Joca Martins

Letra

    Meu canto vem do galpão
    Mais tosco e mais primitivo
    É um canto chão estendido
    Templado a fogo de chão
    Jamais será redomão

    No campo aberto escarceia
    Sem maneador ou maneia
    Que reprima o entorno
    Não bajula não tem dono
    Não cala nem cabresteia

    Meu verso fez as estradas
    Os atalhos e os caminhos
    Sempre soube andar sozinho
    Abrindo magoa em picadas
    Bueno encruzilhada
    Só tenho Deus por patrão
    Escuto o meu coração
    Nenhum modismo daninho
    Me leva pelos caminhos
    Dos que não tem opinião

    Protesto contra a disputa
    Entre irmãos do mesmo canto
    Contra isso eu me levanto
    Entendam minha conduta
    A continuar nessa luta
    Que põem irmão contra irmão
    Disse hernandez de ante mão
    Que os de foram inatingidos
    Chegaram despercebidos
    E assim nos devorarão

    Sou parte desta querência
    Não se estendo em sombra alheia
    Conheço a parada feia
    Sem antes olhar a existência
    De rio trago de essência
    Do barro que me gerou
    Seiva agreste que plasmou
    Minha raça nas planuras
    Com vento que nas lonjuras
    Eu os quero além do sobrou

    Bem mais que simples cantores
    Somos a voz de uma raça
    Mesclando estória e fumaça
    Estância e corredores
    Cargueiros e domadores
    Que ergueram antes de nós
    Segue ante vidagos eternos
    Pois mesmo os tempos modernos
    Não calarão nossa voz


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