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Filha da Natureza

José Fortuna

Letra

    A onça parou na mata
    Para olhar o avião
    Que cruzava barulhento
    O céu azul do sertão
    Tanto ruído no espaço
    Tanta paz aqui no chão
    Tanta mata recebendo
    Da lua cheia o clarão
    A filha da natureza – pensou
    Veja até onde o homem – chegou

    Um dia o pobre bichinho
    Buscava alimentação
    Para o filho que esperava
    Em seu ninho no grotão
    Na isca do bicho-homem
    Ela caiu na prisão
    Foi levada para longe
    De seu pedaço de chão
    A filha da natureza – chorou
    Porque nunca mais ao ninho – voltou

    No picadeiro de um circo
    Passou a ser atração
    Provocando arrepios
    E aplausos da multidão
    Para o homem ganancioso
    Ela era o ganha-pão
    De cidade em cidade
    Em cima de um caminhão
    A filha da natureza – sofreu
    Para esquecer o sertão – que era seu

    Cansada das chicotadas
    Que lhe fez sangrar de dor
    Num ato de desespero
    Matou o seu domador
    No meio do picadeiro
    Muitos tiros recebeu
    Dentro de sua prisão
    A onça também morreu
    A filha da natureza – perdeu
    A vida – prêmio que a morte lhe deu


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