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Letra

    Pois a camélia que eu amei com devoção
    Foi a mais bela pra quem dei meu coração
    Me foi levada pra enfeitar um quarto nobre
    E eu fiquei pobre e com um espinho em cada mão

    Me quedei triste e era tamanha a tristeza
    Da malvadeza de quem quis dar proteção
    Pois foi em nome da malvada da nobreza
    Que me tiraram tudo o que eu tinha de bom

    Depois ao cravo que eu cuidei desde pequeno
    Deram veneno e colocaram num caixão
    Eu vi partir o cravo assim acompanhado
    De um finado com uma vela em cada mão

    Eu dantes ledo me fiz só melancolia
    Eu sei que um dia tudo tem que se acabar
    Mas a vileza feita ao cravo era a minha
    De ser colhido antes de desabrochar

    No meu jardim que antes era só beleza
    Cresceu viçoso um pé de manjericão
    E do amor que era pouco eu fiz a reza
    E cresceu erva dentro do meu coração

    Embriagado de mim mesmo eu quis o dia
    Em que teria um jardim pra cultivar
    No qual crescesse nem que fosse um só sorriso
    Que fosse vivo e ninguém viesse roubar

    Não quero luto, eu não quero choro nem vela
    Quero a camélia que não está mais no lugar
    Porque de todas a que mais amei foi ela
    Foi logo aquela que teimaram arrancar


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