Um Hino
Juliano Guerra
Eu rabisquei teu nome num papel
E arrisquei quaisquer palavras vis
E até meu violão se surpreendeu
Das notas carinhosas que eu fiz
E quis compor pra ti essa canção
Como se fosse um hino e tu, país
Que eu fiz erguer no mar do coração
E que não submergue por um triz
E quis reconhecer
Em cada gesto vago e arredio
O meu amor
E no meu beijo frio, revoluções
E assim me fiz teu ditador
E fui nuvem escura no teu céu
E naufraguei teus sonhos e navios
E te esculpi com o verbo por cinzel
E te afoguei num mar de desvarios
E quis te surpreender
A cada pobre acorde que saiu
Ao violão
Em cada verso vago que cantei
Alimentei essa ilusão
Então cantei nos bares nosso caso
O acaso que te fez minha mulher
E me inclinei depois de cada aplauso
Como um velho cantor de cabaré
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