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Pedro Perigo

Juninho Caipira

É só eu ficar nervoso, que o sangue esquenta no ato
Por isso eu vivo sozinho, minha casa é lá no mato
Não gosto de olhar no espelho, nem mesmo no meu retrato
Mas sou um caboclo esperto, muito mais do que um gato
O que aconteceu comigo, pra vocês então, relato

Me deixaram amarrado, cinco dias, sem comer
Lá no meio da floresta, coisa triste de se ver
Às vezes, imaginava: o que vai acontecer?
Mas foi numa noite escura, que começou a chover
Um raio caiu na árvore e a corda veio a romper

Briguei com um bando de homens, sozinho e desarmado
Dei pernada e pescoção, deixei todos eles deitado
Quando a polícia chegou, eu já tinha me mandado
Recolheram paus e facas, um saco ficou lotado
Depois chamaram a ambulância, ficaram um mês internado

Eu já peguei um leão pelo rabo e ele não escapou
Dei um nó na cascavel, que ainda não se soltou
No elefante, dei um tapa, coitado cambaleou
Piquei uma onça de faca, nem o couro aproveitou
Na girafa, dei um chute, que na cabeça acertou

Já montei cavalo xucro e jamais caí no chão
Mergulhei em mar aberto, ao lado de tubarão
Gosto de fazer carinho nas costas do escorpião
No ar, brinco com abelhas, com aranha, brinco no chão
Meu nome é Pedro Perigo, deve ter uma razão.

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