Foi bem assim o que vi...
Luiz Marenco
Foi bem assim o que vi !
E vou contar-lhes o fato
na estrada eu vinha de longe
e a cena era um retrato.
De longe bem parecia
só um cavalo e um campeiro
recostado à sombra mansa
descansando por tropeiro.
De perto mudou a cena
quando banquei meu gateado
vi um gaúcho estendido
e um zaino "inda" encilhado.
Era um gaúcho qualquer
pelas pilchas, pelo jeito
com uma garrucha na mão
e dois balaços no peito.
Coisa triste de se ver
a morte assim tão de perto
morreu por bueno, ou por malo
numa peleia por certo.
No horizonte estendido
eu avistava "inda" alguém.
Quem foi ligeiro nos tiros
e por ligeiro, ia além.
Não sei se medo ou coragem
(porque os dois não andam juntos)
se acampou na minha alma
e me puxou outro assunto.
Depois bombeei sobre o ombro
quando cruzava a divisa
e o zaino olfateava o sangue
que avermelhava a camisa.
Um amigo olhando o outro
era bem o que parecia
velando a dor e o silêncio
que eu me fiz que não via.
No outro dia as notícias
chegaram meio em pedaços:
-Uns conheciam o gaúcho
outros, quem deu os balaços.
Eu hoje lhes conto o fato
depois de tempos passado
e sei que foi pra vingar
uma morte no povoado...
Por isso mateio quieto
que há pouco pra se fazer
quem não tem nada na vida
só tem a vida a perder...
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