Estrela D'Álva
Luiz Marenco
Parece até que esta estrela
Que adoro desde criança
Deus deixou pra vaca mansa,
Da estância do céu sinuela
Sempre me comovo ao vê-la,
Tão luminosa, tão bela
Atravessando a cancela
Do céu que muda de cor
Anunciando ao mateador
Que o dia vem de atrás dela
A madrugada se atora
Depois que a noite se aninha
E a Estrela D'Álva, rainha
Sai chispeando campo afora
Cada manhã que te vejo,
Velha Estrela D'Álva, rainha
Aquele bárbaro instinto
Que fez do guasca o andejo
E um incontido desejo
De andar caminho e coxilha
Rastreando a indiada andarilha
Que a lo largo se perdeu
E morrendo renasceu
Pra ser pendão de flexilha
A madrugada se atora
Depois que a noite se aninha
E a Estrela D'Álva, rainha
Sai chispeando campo afora
E aqui me paro a pensar
Do que a pouco ouvi dizer
Que é necessário aprender
Para depois ensinar
Pois por mais rudimentar,
Que seja o ensinamento
Cada frase é como um tento
Que precisa ser lonqueado,
E depois bem desquinado
Para trançar um sentimento
A madrugada se atora
Depois que a noite se aninha
E a Estrela D'Álva, rainha
Sai chispeando campo afora
Às vezes sinto na alma
Que nunca mais eu me aprumo
Se um dia eu perder o rumo
Do clarão da Estrela D'Álva
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