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Cárcere

Mão Morta

Letra

    As noites de solidão sob as estrelas No vazio do teu quarto
    A casa encaixotada O soalho E as horríveis linhas paralelas até
    à parede
    O nada absoluto Que te faz vomitar e te tortura
    Nessa letargia de junkie sem tempo Fora do tempo

    Tudo por um grama de pó
    Não era isto a revolução
    Não era esta a liberdade lisérgica que te estava prometida

    E as cinzas vermelhas dos teus olhos Em contrabando de afectos
    Sentindo o vácuo E o medo de não ter a merda do pó De acordar
    sem a merda do pó
    Os músculos rígidos O poderoso nó no estômago Que te faz saltar
    as tripas
    O medo de não poderes fugir de ti De não conseguires esquecer
    esse corpo

    Tudo por um grama de pó
    Não era isto a revolução
    Não era esta a liberdade lisérgica que te estava prometida

    Esse corpo que já não serve para nada Retalhado na sua
    cosmogonia
    Que te tortura na sua inactividade Que te prende agora ao
    quotidiano metálico da prisão
    Morto nos odores da humidade Dejecto pútrido Esperma
    Em valsas sonhadas no ressonar da noite de cimento que te
    envolve


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